Em João Paulo II os jovens descobriram o bom pastor
que indica o rumo certo, o amigo que ajuda a aplainar as veredas e o
companheiro que se faz irmão, na concretização dos ideais da vida. E por tudo
isso, em todos os países do mundo que foram visitados pelo Papa, ele procurou
os jovens, e em todos esses lugares os jovens procuraram o Papa. Um desses
momentos foi em maio de 2003, quando o mundo assistiu, com grande emoção, uma
multidão de jovens espanhóis clamarem em uníssono: “Tu és jovem, Santo Padre!”
No segundo ano de seu pontificado, em 1980, o Papa
João Paulo II visitou o Brasil. Em julho daquele ano, ele se reuniu com os
jovens em Belo Horizonte. Na ocasião, ele nos falou: “A maior riqueza deste
país, imensamente rico, são vocês. O futuro real deste país do futuro emana do
presente de vocês. Por isso, este país, e com ele a Igreja, olham para vocês
com um olhar de expectativa e de esperança. Partilhando como sacerdote, bispo e
cardeal a vida de inúmeros jovens na Universidade, nos grupos juvenis, nas excursões
de montanhas, nos círculos de reflexão e oração, aprendi que um jovem começa
perigosamente a envelhecer, quando se deixa enganar pelo princípio, fácil e
cômodo, de que ‘o fim justifica os meios’, quando passa a acreditar que a única
esperança para melhorar a sociedade está em promover a luta e o ódio entre
grupos sociais, na utopia de uma sociedade sem classes, que se revela bem cedo
a criação de novas classes. Convenci-me de que só o amor aproxima o que é
diferente e realiza a união na diversidade(…). Meus amigos, vocês são
responsáveis pela conservação dos verdadeiros valores que sempre honraram o
povo brasileiro. Não se deixem levar pela exasperação de sexo, que abala a
autenticidade do amor humano e conduz à desagregação da família. Esta é a mensagem
sincera e confiante de um amigo. Meu desejo seria o de apertar as mãos de cada
um de vocês e falar com cada um. Em todo o caso é a cada um que digo dizendo a
todos: Jovens de todo o Brasil, o Papa quer muito bem a vocês! O Papa não os
esquecerá nunca mais! O Papa leva daqui uma grande saudade de vocês!” (Homilia
do Santo Padre para os jovens de Belo Horizonte em 1º de julho de 1980). Assim,
os jovens do Brasil descobriram que o Papa é brasileiro, mas tem um coração
universal que abarca os jovens do mundo inteiro.
Nos diversos encontros com os jovens, João Paulo II
cumpriu com fidelidade o mandado de Cristo: “Apascenta as minhas ovelhas!” (Jo
21,17). Ele nunca admitiu a menor possibilidade de erro ou mentira; e sempre
repudiou a libertinagem, censurou as uniões de homossexuais e alertou contra o
erro de segundas ou terceiras uniões conjugais. Diante da palavra do Santo
Padre, os jovens desvendaram a Boa Nova de Cristo e perceberam que João Paulo
II “estava sempre pronto a dar a razão da sua esperança a todo aquele que vo-la
pedia”. (1Pd 3,15).
Falando em nome de Jesus Cristo, João Paulo II
conscientizou os jovens da necessidade de conhecer e amar a Verdade. Conduzindo
a Igreja como Papa, ele testemunhou aos jovens uma enorme solicitude em relação
à transmissão dos valores cristãos e uma ampla fidelidade a Deus. Ao contemplar
João Paulo II, notamos que “quem acolhe o seu testemunho certifica que Deus é
verdadeiro. Com efeito, aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus, pois
ele dá o Espírito sem medida”. (Jo 3,33-34)
Nos documentos pontifícios de João Paulo II, os
jovens eram constantemente lembrados. Por ocasião do Ano Internacional da
Juventude, ele lançou a carta apostólica “Dilecti Amici”, onde nos diz: “A
Igreja olha para os jovens; antes, a Igreja de um modo especial, vê-se a si
mesma nos jovens, em todos vós e, ao mesmo tempo, em cada um e em cada uma de
vós”. (Dilecti Amici, 15).
Na Exortação pós-sinodal “Christifideles laici”, ele
acrescentou: “Os jovens constituem uma força excepcional e são um grande
desafio para o futuro da Igreja”. Em sua penúltima carta apostólica, ele
admoestou os jovens: “Levai ao encontro com Jesus oculto sob os véus
eucarísticos todo o entusiasmo da vossa idade, da vossa esperança, da vossa
capacidade de amar”. (Mane Nobiscum Domine, 30)
Desse fecundo amor do Santo Padre pelos jovens brotou
as Jornadas Mundiais da Juventude. A primeira foi em 1986, em Roma. No ano de
2002, na XVII Jornada Mundial da Juventude, em Toronto, Canadá, o Santo Padre
orientava: “Jovens, a maior utopia, a fonte mais importante da infelicidade
consiste na ilusão de encontrar a vida renunciando a Deus, de conquistar a
liberdade excluindo as verdades morais e a responsabilidade pessoal(…). Vós
sois jovens e o Papa é idoso, e ter 82 ou 83 anos não é a mesma coisa que ter
22 ou 23. Todavia, ele continua a identificar-se plenamente com as vossas
esperanças e as vossas aspirações. Juventude de espírito, juventude de
espírito! Embora eu tenha vivido no meio de muitas trevas sob duros regimes
totalitários, tive suficientes motivos para me convencer de maneira inabalável
de que nenhuma dificuldade e nenhum temor é tão grande ao ponto de poder
sufocar completamente a esperança que jorra sem cessar no coração dos jovens.
Não deixem a esperança morrer!”. (Homilia do Santo Padre João Paulo II na XVII
JMJ.)
Contemplando a vida e o exemplo de São João Paulo II,
os jovens aprenderam a professar juntos com São Leão Magno: “Em Pedro,
robustece-se a nossa fortaleza”. Olhar para João Paulo II é vislumbrar
essencialmente uma testemunha de Cristo. Até o último suspiro, ele testemunhou
que quem vive o dom da vida não envelhece jamais. E com seu martírio branco,
ele ensinou que ser jovem é estar aberto ao heroísmo e ao protagonismo.
Para concluir, ouçamos seus sábios conselhos:
“Jovens, não tenhais medo de encontrar Jesus. Eu também tive 20 anos como vós.
Gostava de praticar esportes, esquiar, apresentar peças de teatro. Estudava e
trabalhava. Tinha sonhos e preocupações. Nesses anos já longínquos, em tempos
que minha terra natal estava ferida pela guerra e mais tarde pelo regime
totalitário, buscava o sentido da minha vida. E o encontrei seguindo o Senhor
Jesus. O convite que hoje vos dirijo é: ‘Escuta.’ Não te canses nunca de
exercitar-se na difícil matéria da escuta. Escuta a voz do Senhor que te fala
através dos fatos da vida diária, através das alegrias e das penas que a
acompanham, das pessoas que estão ao teu lado. A voz da consciência está
sedenta da verdade, da felicidade, de bondade e de beleza”. (Viagem apostólica
a Berna, Suíça, em junho de 2004).
Elevemos nossos corações a Deus, em ação de graças
pela juventude de São João Paulo II, que nos deixou uma herança de valores
inestimáveis. Movidos pela esperança, agradeçamos ao Senhor o entusiasmo e
alegria vivenciados por Karol Wojtyla e professemos que, desde o dia de sua
morte, nós ganhamos um novo intercessor, um amado santo no céu!
Comentários