Finalmente, o que é a santidade?
Em sua primeira carta aos Tessalonicenses, São Paulo afirma: "De resto, irmão, vós aprendestes de nós como proceder para agradar a Deus, e é assim que procedeis; fazei ainda novos progressos. Sabeis, de fato, as instruções que vos demos da parte do senhor Jesus. A vontade de Deus é a vossa santificação, que vos abstenhais da imoralidade, que cada um de vós saiba casar-se para viver com santidade e honestidade, sem se deixar levar pela paixão, como fazem os pagãos que não conhecem Deus; que ninguém prejudique seu irmão, nem lhe cause dano nesta matéria, pois o Senhor se vinga de tudo isso, como já dissemos e testemunhamos. De fato, Deus não nos chamou para viver na impureza, mas nos chamou para a santidade. Assim, pois, aquele que rejeita esses ensinamentos não é a um homem que rejeita, mas o próprio Deus que vos dá o seu Espírito Santo" (1Ts 4,1-8). Quais são os caminhos para atingir a santidade? Com efeito, a santidade é de início uma graça que vem de Deus. Devemos intentar acolhe-la e realizá-la. Na Imitação de Jesus Cristo, se encontra esta magnífica frase: "Não há, pois, santidade, se Vós, Senhor, retirais a mão. Nenhuma sabedoria aproveita, se não a dirigis. Nenhuma fortaleza ajuda, se não a conservais. Nenhuma castidade está segura, se não a protegeis. Inútil a guarda de nós mesmos sem a vossa santa vigilância. Desamparados, afundamos e perecemos; visitados por Vós, erguemo-nos e recobramos vida. Instáveis somos e Vós nos confirmais; somos tíbios e Vós nos afervorais" (III, 14,2). Entretanto, penso que existe uma via privilegiada, a do amor e da caridade. Essa última conduz sempre o homem à perfeição; ela é a rota mais absoluta para a santidade. Esse elo entre a caridade, a perfeição e a santidade é mais importante. Os homens devem, portanto, avançar na fé vivendo na caridade. As Palavras que Jesus nos dirige estão cheias de amor, tanto quanto de exigências. Eis por que nos diz: "Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito" (Mt 5,48). Com efeito, se aceitamos ser cristãos, devemos constantemente agir sem pensar nos pequenos objetivos do prestígio ou da ambição, nem nos fins que parecem mais nobres, como a filantropia ou a benevolência humanitária. O cristão é o homem que reflete incessantemente no termo último e radical do amor que Jesus Cristo nos manifestou morrendo por nós na Cruz. Desde então, a santidade consiste em viver exatamente como Deus quer que nós vivamos, configurando-nos sempre mais a seu Filho Jesus Cristo. São Paulo já nos advertia sem rodeios, escrevendo: "Visto que sois eleitos santificados, amados por Deus, revesti-vos dos sentimentos de compaixão, benevolência, humildade, doçura, paciência. Suportai-vos uns aos outros, e se alguém tiver algum motivo de queixa contra outro, perdoai-vos mutuamente; assim como o Senhor vos perdoou, fazei o mesmo, também vós. E acima de tudo, revesti-vos de amor: é o vínculo perfeito. Reine em vossos corações a paz de Cristo, à qual fostes todos chamados em um só corpo. Vivei na gratidão" (Cl 3,12-15). O desejo profundo de Deus quer que possamos semelhar-nos a Ele sendo santos. A caridade é amor, e a santidade é uma manifestação sublime da capacidade de amar. É uma identificação com Cristo e assim a realização de nossa vocação de ser filho e filha de Deus.
Todo o meu amor cristão se resume nestas simples palavras: Deus, Jesus Cristo, o papa, a santa Virgem. Realidades supremas que Roma me fez descobrir, amar e servir. Por isso, ainda, como podia um dia agradecer, suficientemente, ao Senhor? A maior caridade é revelar Deus manifestado em seu Filho na Cruz. Graças aos exemplos desses homens e mulheres de Deus, o trabalho de evangelização e de humanização de nossas sociedades conheceu grandes sucessos. É importante compreender o alcance da ação caritativa. Para os cristãos, o essencial nunca reside completamente na ajuda material e social, mas na luta contra a miséria espiritual. Desse ponto de vista, a Igreja tem a ardente obrigação, corolário do dom imenso que Deus lhe salvou desde muitas gerações. A mais bela ação nesta terra permanece, pois, a de devolver aos homens sua dignidade igual a de filhos do céu e sua capacidade de se abrir à luz eterna. Graças aos pobres, a vitória da Igreja sempre é humilde e escondida, longe dos luxos enganadores.
Trecho do livro “Deus ou nada”,
Cardeal Robert Sarah e Nicolas Diat.
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