A virtude da castidade consiste na maneira correta de viver a sexualidade. Cada membro da Santa Igreja é chamado por Nosso Senhor Jesus Cristo à viver a castidade segundo a sua vocação.
A castidade comporta a educação de si para submeter os instintos naturais à razão. Deve se ter claro que o prazer não é ruim em si mesmo, ele é um dom dado por Deus. Porém, ele possui uma ordem e um sentido: ele deve ser consequência de um ato de amor (o amor comporta doação, desinteresse, generosidade, saída de si, entre outros).
Quando o prazer é obtido por um ato de amor, é bom e lícito. Caso contrário, quando é obtido por um ato egoísta (oposto do amor), torna-se nocivo e ilícito. Para que o prazer seja lícito, deve ser consequência de um ato cuja finalidade última seja o amor e não o prazer. Quando o ato é realizado apenas pelo prazer, ou seja, tendo o prazer como finalidade última do ato, então se foge da ordem natural dos atos humanos e se está em presença de uma desordem, um ato ilícito e injusto.
O ato que gera prazer, para ter como finalidade última o amor e assim ser lícito, deve ser ordenado pela razão (o amor é fruto da decisão racional). Para este fim, a razão deve submeter as inclinações naturais ao prazer que todo ser humano tem, e consenti-los (com a vontade livre iluminada pela razão), apenas quando estes estiverem em coerência com os princípios do bem moral. Caso contrário, deve subjugá-los e não consenti-los, pois a finalidade última do homem é a felicidade e esta vem pela realização do bem.
De qualquer forma, a razão deve submeter os instintos ao seu julgamento e não ao contrário. Se a razão não submeter os instintos, e eles determinarem os atos que são realizados, então falamos de atos mais instintivos do que racionais. Ora, sabemos que os seres irracionais, logo instintivos, são os animais. A castidade ordena o interior para que a razão domine os instintos, assegurando o correto gozo do prazer através de atos submetidos ao juízo da razão.Castidade ou Santa Pureza: a sua Natureza
Se o amor das riquezas afasta a alma de Deus, os prazeres da carne mais vivamente ainda embotam o coração e o impedem de consagrar-se ao amor divino. É pelo pecado vergonhoso, diz Santo Tomás, que o homem se afasta mais de Deus. Per peccatum luxurise homo videtur maxime a Deo recedere (Jó 31, 1). É também desse pecado que se sai com mais dificuldade por causa da força do hábito que ele engendra rapidamente. Esse hábito é como uma lepra que penetra a alma e do qual ele não se desembaraça senão por um milagre da divina misericórdia. Nada, pois, mais funesto à salvação, nada mais oposto ao amor de Deus e à salvação do que o pecado da carne.
Assim como para ser toda de Deus a alma se desprende dos bens do mundo pelo voto e pela virtude de pobreza, também pelo voto e pela virtude da castidade ela se interdita todos os prazeres carnais e mentais da luxúria, a fim de amar a Deus mais perfeitamente. E aqui não há distinção entre o voto e a virtude; porque, conforme a opinião de todos, o voto e a virtude tem o mesmo objeto, de tal forma que cada fraqueza viola há um tempo a virtude e o voto: há cada vez duplo pecado.
O objeto especial da castidade é, pois, os prazeres da carne. Ela modera-lhes o uso legítimo no matrimônio: é a castidade conjugal. Ela os interdita completamente às pessoas não casadas: é a castidade perfeita; e para uma pessoa que jamais provou, ao menos voluntariamente, a satisfação completa dos sentidos, é a virgindade.
Já que a castidade preserva a alma das sujidades da impureza, que são tidas com razão como as mais vergonhosas, atribui-se particularmente a essa virtude a beleza da alma; ela é também designada com outro nome que indica o seu esplendor: a pureza. Daí os elogios magníficos feitos à castidade.
Mas, note-se bem, a castidade cristã renuncia a esses gozos inferiores, não por um motivo humano, como o seria, por exemplo, a repugnância natural que essas satisfações podem inspirar, ou o desejo de dedicar-se mais livremente ao estudo; isso fez alguns filósofos da antiguidade. A alma cristã abraça a castidade pelo desejo de ser mais livre no seu voo para Deus, na prática do amor divino. Isso faz lembrar o que dissemos mais acima, isto é, que não há virtude verdadeira e perfeita senão a que conduz a Deus sob o impulso da caridade.
Assim compreendida, a castidade ou pureza é uma virtude especial que tem objeto próprio, distinto do de qualquer virtude.
A nossa alma, criada para amar e pertencer só a Deus inclina-se, entretanto, a aderir às criaturas e a procurar nelas a sua felicidade. Ora, toda afeição desse gênero é desordenada quando se afasta de Deus; mancha a alma culpada e faz dela, em relação a Deus, uma esposa infiel. É, pois, possível conceber-se uma castidade, uma pureza espiritual que consiste em interditar-se qualquer apego desordenado à criatura e em procurar a sua glória só em Deus pela prática da divina caridade. Ao contrário, todo pecado, toda afeição desordenada, podem ser considerados como uma fornicação espiritual, como ensina o doutor angélico (2º, 2º q. 151).
Essa castidade, porém, essa pureza espiritual não é virtude especial; mas é como estado de alma, o resultado do esforço de todas as outras virtudes, que desembaraçam a alma, cada uma em sua esfera, das afeições desordenadas. Assim, a pobreza impede a alma de procurar o gozo no amor das riquezas; a humildade arranca-a às falsas alegrias do orgulho. Mas essa pureza resulta, sobretudo, diz Santo Tomás, das virtudes teologais, e especialmente da caridade que, unindo a alma intimamente a Deus, não só a afasta do amor desregrado das criaturas e a preserva de toda mancha, mas lhe outorga ainda todo o brilho da beleza de Deus.
Daí se vê que essa castidade espiritual pode ser considerada como a fineza da caridade que, por amor a Deus, não quer perder nenhuma parte do coração. Daí as complacências divinas pelas almas perfeitamente puras e castas; daí tantos favores e privilégios que lhes são concedidos nesta e na outra vida.
A alma religiosa, pois, que pretende pertencer toda a Deus e praticar a caridade em toda a sua perfeição, repele pela castidade toda satisfação carnal dos sentidos ou da imaginação, do espírito ou do coração. Mas não se contenta com isso; por meio das outras virtudes desembaraça-se de todo afeto que não seja para Deus, e aplicam-se à união sempre mais íntima com o Senhor pelos atos da divina caridade.
Fontes: Comunidade Shalom e Rumo a santidade
A castidade comporta a educação de si para submeter os instintos naturais à razão. Deve se ter claro que o prazer não é ruim em si mesmo, ele é um dom dado por Deus. Porém, ele possui uma ordem e um sentido: ele deve ser consequência de um ato de amor (o amor comporta doação, desinteresse, generosidade, saída de si, entre outros).
Quando o prazer é obtido por um ato de amor, é bom e lícito. Caso contrário, quando é obtido por um ato egoísta (oposto do amor), torna-se nocivo e ilícito. Para que o prazer seja lícito, deve ser consequência de um ato cuja finalidade última seja o amor e não o prazer. Quando o ato é realizado apenas pelo prazer, ou seja, tendo o prazer como finalidade última do ato, então se foge da ordem natural dos atos humanos e se está em presença de uma desordem, um ato ilícito e injusto.
O ato que gera prazer, para ter como finalidade última o amor e assim ser lícito, deve ser ordenado pela razão (o amor é fruto da decisão racional). Para este fim, a razão deve submeter as inclinações naturais ao prazer que todo ser humano tem, e consenti-los (com a vontade livre iluminada pela razão), apenas quando estes estiverem em coerência com os princípios do bem moral. Caso contrário, deve subjugá-los e não consenti-los, pois a finalidade última do homem é a felicidade e esta vem pela realização do bem.
De qualquer forma, a razão deve submeter os instintos ao seu julgamento e não ao contrário. Se a razão não submeter os instintos, e eles determinarem os atos que são realizados, então falamos de atos mais instintivos do que racionais. Ora, sabemos que os seres irracionais, logo instintivos, são os animais. A castidade ordena o interior para que a razão domine os instintos, assegurando o correto gozo do prazer através de atos submetidos ao juízo da razão.Castidade ou Santa Pureza: a sua Natureza
Se o amor das riquezas afasta a alma de Deus, os prazeres da carne mais vivamente ainda embotam o coração e o impedem de consagrar-se ao amor divino. É pelo pecado vergonhoso, diz Santo Tomás, que o homem se afasta mais de Deus. Per peccatum luxurise homo videtur maxime a Deo recedere (Jó 31, 1). É também desse pecado que se sai com mais dificuldade por causa da força do hábito que ele engendra rapidamente. Esse hábito é como uma lepra que penetra a alma e do qual ele não se desembaraça senão por um milagre da divina misericórdia. Nada, pois, mais funesto à salvação, nada mais oposto ao amor de Deus e à salvação do que o pecado da carne.
Assim como para ser toda de Deus a alma se desprende dos bens do mundo pelo voto e pela virtude de pobreza, também pelo voto e pela virtude da castidade ela se interdita todos os prazeres carnais e mentais da luxúria, a fim de amar a Deus mais perfeitamente. E aqui não há distinção entre o voto e a virtude; porque, conforme a opinião de todos, o voto e a virtude tem o mesmo objeto, de tal forma que cada fraqueza viola há um tempo a virtude e o voto: há cada vez duplo pecado.
O objeto especial da castidade é, pois, os prazeres da carne. Ela modera-lhes o uso legítimo no matrimônio: é a castidade conjugal. Ela os interdita completamente às pessoas não casadas: é a castidade perfeita; e para uma pessoa que jamais provou, ao menos voluntariamente, a satisfação completa dos sentidos, é a virgindade.
Já que a castidade preserva a alma das sujidades da impureza, que são tidas com razão como as mais vergonhosas, atribui-se particularmente a essa virtude a beleza da alma; ela é também designada com outro nome que indica o seu esplendor: a pureza. Daí os elogios magníficos feitos à castidade.
Mas, note-se bem, a castidade cristã renuncia a esses gozos inferiores, não por um motivo humano, como o seria, por exemplo, a repugnância natural que essas satisfações podem inspirar, ou o desejo de dedicar-se mais livremente ao estudo; isso fez alguns filósofos da antiguidade. A alma cristã abraça a castidade pelo desejo de ser mais livre no seu voo para Deus, na prática do amor divino. Isso faz lembrar o que dissemos mais acima, isto é, que não há virtude verdadeira e perfeita senão a que conduz a Deus sob o impulso da caridade.
Assim compreendida, a castidade ou pureza é uma virtude especial que tem objeto próprio, distinto do de qualquer virtude.
A nossa alma, criada para amar e pertencer só a Deus inclina-se, entretanto, a aderir às criaturas e a procurar nelas a sua felicidade. Ora, toda afeição desse gênero é desordenada quando se afasta de Deus; mancha a alma culpada e faz dela, em relação a Deus, uma esposa infiel. É, pois, possível conceber-se uma castidade, uma pureza espiritual que consiste em interditar-se qualquer apego desordenado à criatura e em procurar a sua glória só em Deus pela prática da divina caridade. Ao contrário, todo pecado, toda afeição desordenada, podem ser considerados como uma fornicação espiritual, como ensina o doutor angélico (2º, 2º q. 151).
Essa castidade, porém, essa pureza espiritual não é virtude especial; mas é como estado de alma, o resultado do esforço de todas as outras virtudes, que desembaraçam a alma, cada uma em sua esfera, das afeições desordenadas. Assim, a pobreza impede a alma de procurar o gozo no amor das riquezas; a humildade arranca-a às falsas alegrias do orgulho. Mas essa pureza resulta, sobretudo, diz Santo Tomás, das virtudes teologais, e especialmente da caridade que, unindo a alma intimamente a Deus, não só a afasta do amor desregrado das criaturas e a preserva de toda mancha, mas lhe outorga ainda todo o brilho da beleza de Deus.
Daí se vê que essa castidade espiritual pode ser considerada como a fineza da caridade que, por amor a Deus, não quer perder nenhuma parte do coração. Daí as complacências divinas pelas almas perfeitamente puras e castas; daí tantos favores e privilégios que lhes são concedidos nesta e na outra vida.
A alma religiosa, pois, que pretende pertencer toda a Deus e praticar a caridade em toda a sua perfeição, repele pela castidade toda satisfação carnal dos sentidos ou da imaginação, do espírito ou do coração. Mas não se contenta com isso; por meio das outras virtudes desembaraça-se de todo afeto que não seja para Deus, e aplicam-se à união sempre mais íntima com o Senhor pelos atos da divina caridade.
Fontes: Comunidade Shalom e Rumo a santidade
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