“O Bom Deus deu-me um pai e uma mãe mais dignos do céu do que da terra!” A afirmação é de Santa Teresinha, jovem francesa, do Carmelo de Lisieux, filha do casal Zélia Guérin e Luís Martin, irmã de Maria,Paulina, Leônia, e Celina, todas monjas: quatro carmelitas e uma visitandina. A Igreja declara o casal Guérin santo neste domingo, 18 de outubro, no período em que acontece o Sínodo dos Bispos para a Família.
Teresinha distingue-se entre suas irmãs pela expressividade de seu amor a Deus e à Igreja em tão pouco tempo de vida, tendo falecido aos 24 anos de idade, em 1897. Foi canonizada em1925. É hoje uma das santas mais conhecidas de todo o mundo. Refletindo sobre as Cartas de São Paulo, encantou-se com a primeira aos Coríntios que a fez exclamar: “encontrei o meu lugar na Igreja, tu me deste este lugar, meu Deus. No coração da Igreja, minha mãe, eu serei o amor e desse modo serei tudo, e meu desejo se realizará”.
Zélia e Luís Martin se destacam como modelo de casal santo que soube educar sua família nos caminhos de Deus. Receberam-se em matrimônio, dia 13 de julho de 1858, em Alençon e tiveram sete filhas e dois filhos. Marcados pelos sofrimentos, mas eloquentes na confiança em Deus, viram partir em idade infantil dois filhos e duas filhas.
O lar de Alençon era iluminado de autêntico compromisso religioso, sendo Zélia modelar esposa, mulher orante, participante da vida sacramental diária, pois toda manhã se dirigia à igreja para a primeira missa. O amor à mãe de Jesus lhe era tão vivo, que celebrava em casa, com o marido e as filhas, os atos devocionais do mês de maio, diante de um altar que artisticamente organizava, onde punha em evidência a linda imagem de Nossa Senhora do Sorriso. Sobre Maria, escreveu às filhas, dizendo: A festa da Imaculada Conceição é uma grande festa para mim! Neste dia, a Santa Virgem concedeu-me muitas e assinaladas graças. Para mim, não há como esquecê-la.
Depois de perder quatro filhos, se vê diante da iminência de um novo golpe para a alma: esteve gravemente enferma sua pequenina Teresa. Escreve, fervorosa, em uma de suas numerosas cartas: “subi depressa ao meu quarto, ajoelhei-me aos pés de São José e lhe pedi a graça da cura para a pequena, resignando-me, porém, à vontade do bom Deus, se Ele quisesse levá-la consigo. Eu não choro frequentemente, mas chorei ao rezar. Não sabia se deveria descer… Por fim, me decidi. E, o que vejo? A criança mamava de todo coração”.
Luís, o esposo fiel, guardava profundo amor à Eucaristia. Além da participação assídua à missa, tinha por costume fazer a adoração noturna ao Santíssimo Sacramento. Certa vez, escreve Zélia à filha no mosteiro: Teu pai foi fazer a Adoração noturna na noite passada, ainda que estivesse muito fatigado quando nos deixou, às nove horas da noite. Em outra ocasião, já havia escrito: Estou muito feliz com ele, pois torna a minha vida muito doce. Meu marido é um santo homem, desejo um igual a todas as mulheres.
Suas filhas viviam admiradas pela santidade do pai. Sobre isso, Celina registra: Quando papai comungava, permanecia silencioso em todo o trajeto de volta para casa. Ele nos dizia: eu continuo a entreter-me com Nosso Senhor.
Homem de caridade, sabia repartir com os pobres aquilo que ganhava com a profissão de relojoeiro e depois, comerciante.
O casal recebe em casa os avós das crianças, deles cuidando na doença e na velhice até o fim, com extremo carinho.
Em casa tão santa, não havia como evitar uma exclamação de Zélia, ao ver que certos casamentos não se pautam pelos princípios do santo evangelho e, por isso, vão se dando em nada. Exclama: “Meu Deus, como é triste uma casa sem religião!”
O Abade Dumaine, seu pároco, testemunhou: “Era notável a união nesta família, tanto entre os esposos, como entre os pais e as filhas”. Elevado diante do mundo hodierno, o casal será espelho para as famílias que buscam verdadeira felicidade só possível na fidelidade matrimonial e na primorosa e santificadora educação dos filhos.
Dom Gil Antônio Moreira / com edição de texto da redação do comshalom.org
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