O pregador da Casa Pontifícia, Cardeal Raniero Cantalamessa, ministrou a segunda pregação da Quaresma aos membros da Cúria Romana com o tema “Quem de vós pode acusar-me de pecado?”.
Na manhã desta sexta-feira, 5 de março, o pregador da Casa Pontifícia, Cardeal Raniero Cantalamessa, ministrou a segunda pregação da Quaresma aos membros da Cúria Romana. O tema seguido foi “Quem de vós pode acusar-me de pecado?”.
Viver como se Cristo não existisse
O purpurado iniciou advertindo que a Igreja é ameaçada pelo perigo mortal de viver como se Cristo não existisse. Este é o “pressuposto com o qual o mundo e seus meios de comunicação falam todo o tempo da Igreja”.
Segundo ele, da Igreja interessam história, organização, o ponto de vista sobre os problemas do momento, os fatos e as fofocas, mas “raramente se encontra mencionada a pessoa de Jesus”, que não entra nem no diálogo entre Fé e filosofia, nem entre fé e ciência, nem no diálogo inter-religioso.
O religioso alerta os fiéis de que “na preocupação – além do mais, justíssima – de responder às exigências e provocações da história e da cultura, nós corremos o perigo mortal de nos comportarmos, como se Cristo não existisse. Como se fosse possível falar da Igreja prescindindo de Cristo e do seu Evangelho”.
Dogma da perfeita humanidade de Cristo
Focando no dogma da perfeita humanidade de Cristo, Cantalamessa ressaltou que ao longo da vida terrena de Jesus, ninguém colocou em dúvida de que ele fosse realmente um homem como os outros.
“Quando fala da humanidade de Jesus, o Novo Testamento se mostra interessado mais pela santidade dela, que da verdade ou realidade dela, mais pela sua perfeição moral do que pela sua completude ontológica”, explicou o pregador.
Cantalamessa exortou para que se volte a valorizar este dado bíblico primário. “Ninguém hoje nega que Jesus tenha sido um homem, como faziam os docetistas e os outros negadores da plena humanidade de Cristo. Assiste-se, antes, a um fenômeno estranho e inquietante: a ‘verdadeira’ humanidade de Cristo é afirmada em tácita alternativa à sua divindade, como uma espécie de contrapeso”.
A santidade de Nosso Senhor Jesus Cristo é uma santidade real
O pregador da Casa Pontifícia, sublinha que através da observação dos Evangelhos é possível ver que “a santidade de Jesus não é somente um princípio abstrato, ou uma dedução metafísica, mas é uma santidade real, vivida momento por momento e nas situações mais concretas da vida”.
Como exemplo, o religioso utiliza as Bem-aventuranças, que “não são apenas um belo programa de vida que Jesus traça para os outros; é a sua própria vida e a sua experiência que ele desvela aos discípulos, chamando-os a entrar na sua mesma esfera de santidade. As Bem-aventuranças são o autorretrato de Jesus”.
O que a santidade de Cristo significa para nós?
Em seguida, o purpurado se aprofunda sobre o significado da santidade de Nosso Senhor Jesus Cristo para nós. “Jesus comunica, doa, presenteia-nos a sua santidade. A sua santidade é também a nossa. E mais: que ele mesmo é a nossa santidade”, destacou.
Por fim, o Cardeal Cantalamessa destaca que a santidade de Jesus consistia em fazer sempre o que agradava ao Pai. E recomenda que “tentemos nos perguntar o mais frequente que pudermos, diante de toda decisão a se tomar e toda resposta a dar: ‘Qual é, no caso presente, a coisa que Jesus gostaria que eu fizesse?’ e fazê-la sem adiar”.
“Saber qual é a vontade de Jesus é mais fácil que saber, em abstrato, qual é ‘a vontade de Deus’ (ainda que as duas coincidam de fato). Para conhecer a vontade de Jesus, não devemos fazer outra coisa senão recordar o que diz no Evangelho. O Espírito Santo está ali, pronto para nos recordá-lo”, concluiu. (EPC)
Fonte: gaudiumpress.org
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