O
Concílio Vaticano II resgatou, de maneira iluminada, o papel do leigo na
Igreja; por isso, hoje, graças a Deus, homens e mulheres leigos, jovens e até
crianças fazem um trabalho maravilhoso de evangelização. Em nosso Continente,
onde há uma enorme falta de sacerdotes, o leigo pode e deve dar a sua grande
contribuição à Igreja na missão de salvar almas. O nosso Catecismo da
Igreja Católica (CIC) diz que todo leigo, em virtude dos dons que lhe
foram conferidos, é, ao mesmo tempo, testemunha e instrumento vivo da própria
missão da Igreja pela medida do dom de Cristo (Ef 4,7) [CIC§913].
Cada leigo deve repetir com São Paulo: Ai de mim se eu não evangelizar (1Cor
9,16). Certa vez, falando aos bispos do Brasil em uma de suas visitas ad
limina, Papa João Paulo II disse a eles: “O fiel leigo, na sua própria
vida cristã e em sua atuação na Igreja, não é um mero auxiliar do bispo ou do
padre. O batismo lhe dá direito e, portanto, também o dever de realizar em sua
existência a ação sacerdotal de Cristo. Daí a justa autonomia do fiel leigo
naquilo que lhe é próprio: em qualquer estado ou condição de vida, cada pessoa
na sociedade, independentemente da sua raça e cultura, tem o lugar que lhe é
devido e é chamada a exercer a missão que Deus confiou à Igreja, para esta
realizar no mundo (Código de Direito Canônico, 204).”
São Paulo nos lembra: “Vós sois o Corpo de Cristo, e cada um de vós é um dos
seus membros” (1Cor 12,27).
A área específica do leigo é o apostolado no mundo secular, inserido nas
realidades temporais, na escola, na indústria, na economia, política, artes,
música etc, participando, como cristão, das atividades do seu estado de vida e
trabalho social ( Christifideles laic, 17). O mundo é o campo de trabalho do
leigo. Por outro lado, o Concílio Vaticano II ensinou que o sacerdócio comum
dos fiéis e o sacerdócio ministerial ou hierárquico, embora se diferenciem
essencialmente e não apenas por grau, ordenam-se mutuamente um ao outro; pois
um e outro participam, cada um a seu modo, do único sacerdócio de Cristo
(LG,10).
Os leigos complementam a ação dos clérigos
Assim, o leigo faz e complementa a ação do sacerdote; ele não ministra os
sacramentos, não o substitui, mas prepara os irmãos para isso. Mas, para que o
leigo cumpra bem a sua missão, ele precisa conhecer bem a Igreja que Jesus
instituiu e nos deixou com a Sua doutrina. Muitas vezes, há erros e desvios
graves, porque alguns leigos querem prescindir da Igreja hierárquica como se
essa não fosse da vontade de Jesus. O entusiasmo pelo novo pode ser danoso se a
hierarquia e o Magistério da Igreja não forem respeitados.
A estrutura hierárquica da Igreja foi estabelecida por Cristo, como seu
fundamento e não se confunde com outras formas de governo: monarquia,
oligarquia, democracia etc. A Igreja está muito além desses paradigmas sociais,
porque ela não nasceu do povo, mas de Deus, de Jesus Cristo, ela veio do céu e
não da terra. Somente vindo do céu ela pode salvar a terra. Uma igreja que
nascesse da terra não teria esse poder. A autoridade da verdadeira Igreja não é
fundada na vontade popular, mas na vontade de Deus.
Nós leigos queremos a Igreja conforme Jesus a instituiu e a organizou, e não
segundo o parecer e a vontade dos homens. Toda doutrina que destoa do que vem
do Senhor – por meio do Magistério – deve ser abandonada e corrigida. Às vezes,
fala-se perigosamente de “Uma Igreja, povo de Deus”, sem uma autêntica
hierarquia; esta é uma igreja falsa. A nossa segurança é estar em comunhão com
o Magistério, obedecer às diretrizes do Papa, a quem Cristo confiou a Sua
Igreja: Sobre ti edificarei a minha Igreja… (Mt 16,17). “Pedro (…) apascenta
minhas ovelhas” (Jo 21,17).
Leigos precisam estudar e conhecer a doutrina da Igreja
Por outro lado, o leigo precisa conhecer a doutrina que Cristo ensinou à Igreja
e que está, de modo especial, muito bem sintetizada no Catecismo da Igreja
Católica. O Papa Bento XVI disse a um grupo de bispos ucranianos que: “A
formação de um laicado que saiba dar a razão da sua fé é mais necessária que
nunca em nossos tempos e representa um dos objetivos pastorais que terá que se
perseguir com empenho” (acidigital.com Vaticano 27 set 07). Uma vez que o trabalho do leigo
cresce hoje na Igreja, assim também a sua formação precisa ser cada vez mais
esmerada. Ele não pode ensinar o que quer, mas o que a Igreja ensina.
Para ser firme no cumprimento de sua missão de batizado e missionário, o leigo
precisa ter uma vida espiritual sadia. O Papa João Paulo II disse um dia que: ”A
eficácia do trabalho apostólico do fiel leigo está intimamente associada à sua
base espiritual, à sua vida de oração pessoal e comunitária, à frequência na
recepção dos sacramentos, sobretudo a Eucaristia e a Penitência e à sua reta
formação doutrinária. O leigo que não reza, não se confessa, não comunga, não
lê e não medita a Palavra de Deus, não tem perseverança na missão, e como
acontece com muitos sacerdotes também, acaba sendo afastado dela.
Mais do que nunca, a Igreja precisa dos leigos no campo de batalha do mundo,
pois, hoje, ela é magoada, ofendida, perseguida e tida por muitos como a
culpada de todos os males. Escândalos e blasfêmias se repetem a cada dia. Uma
escala de valores pagã tenta insistentemente substituir a civilização cristã
por uma cultura de morte (aborto, eutanásia, destruição de embriões,
contracepção, prática homossexual…); e Deus vai sendo eliminado na sociedade
como se fosse um mal, e a religião católica vai sendo atacada por um laicismo
agressivo anticristão.
É hora de saber quem é verdadeiramente cristão, quem ama a Deus de verdade, a
Jesus Cristo e a Sua Igreja.
Fonte:
Canção Nova
Comentários