A Virgem Maria nos ensina a servir e Ela é nossa mãe, a cheia de graça (Lc 1,28). Só conseguiremos levar uma vida de serviço se tivermos a graça de Deus em nós. Portanto, recorramos a Ela diante das dificuldades e, a Seu exemplo, nunca desistamos de servir.
Dica #1: A reta intenção
Maria sabia que tudo de bom que ela tinha vinha de Deus, por isso em
tudo dava glórias a Ele, não a si. É possível perceber isso na oração que ela
mesma nos deixou: “A minha alma engrandece e glorifica O SENHOR. Meu Espírito
se alegra EM DEUS, MEU SALVADOR. Porque ELE OLHOU para humildade de sua serva.
Todas as gerações, de agora em diante, me chamarão feliz, PORQUE O PODEROSO FEZ
para mim coisas grandiosas” (Lc 1, 47).
Quando achamos que ela vai falar de si, ela aponta para Deus, a fonte de
todo bem. Então, se O motivo do meu serviço é porque EU sei mais, porque EU sou
o mais bonito, porque EU falo melhor… Meu irmão, está tudo errado. Minha
intenção está torta, pois a glória está sendo dada a mim, não a Deus.
Às vezes até começamos direitinho, sabe? Em uma pregação, por exemplo,
começamos anunciando a Boa Nova, trazendo a atenção dos irmãos para Deus, mas
basta darem um risadinha que pronto, começo logo a pensar como sou bacana,
engraçado e todos me amam. Aí sutilmente a fala muda de “amem a Deus!” para “me
amem!”. Quase sem perceber, esqueço de Deus e começo a querer trazer a atenção
dos outros para mim, pessoalmente. E de repente o centro sou eu, não Deus. Pode
até ser que os irmãos nem percebam e achem que está tudo muito bem, obrigado.
Mas como dizem por aí “Deus está vendo”, né? Ou como diz amavelmente o
próprio Jesus: “Vocês gostam de parecer justos diante dos homens, mas Deus
conhece os corações de vocês. De fato, o que é importante para os homens, é
detestável para Deus” (Lc 16, 15).
Precisamos pedir o auxílio de Nossa Senhora, para que nós tenhamos, como
ela, grande intimidade com o Espírito Santo. Assim, o próprio Espírito irá nos
alertar e ajudar a retificarmos as intenções de nosso coração o quanto antes.
Aprendamos com Maria que o motivo, o foco, o centro precisa ser sempre Jesus.
Dica #2: A
obediência
“Quem obedece às ordens, não incorre em pena alguma.” (Eclesiastes 8, 5)
A Igreja nos ensina que quem obedece nunca erra. Maria foi a serva do
Senhor por excelência, fazendo sempre a Sua vontade. Os grandes santos souberam
seguir o exemplo da Mãe de Deus, mostrando-nos a obediência como uma máxima em
suas vidas, mesmo quando eram castigados ou sofriam injúrias permaneciam
obedientes à Igreja.
Ao longo da história, o próprio Jesus confirmou, em aparições e
revelações, o quanto lhe agradavam aqueles que eram obedientes à Igreja. Mas os
santos não foram tantas vezes injustiçados por membros das Igreja? Sim, é
verdade, mas nós, católicos, acreditamos que Deus confere àqueles que estão à
frente uma “unção especial”, uma autoridade para desempenhar aquele serviço,
mesmo que estes algumas vezes não façam jus à graça concedida por Deus. Esse
julgamento não cabe a nós, a parte que nos cabe é obedecer.
Quando o diretor espiritual de Santa Teresa de Jesus pediu que ela, em
suas visões, tratasse Jesus como se fosse o demônio, o próprio Jesus se alegrou
com a obediência de Teresa, dizendo a ela “Muito bem, Teresa!”. Isso quer dizer
que, mesmo sem concordar, eu devo obedecer? Sempre? Bom, a não ser em caso de
heresia, sim, você sempre deve obedecer, como Maria. Afinal, fazer tudo
concordando é mais aderir que obedecer, não é verdade? Se começarmos a
“escolher” em vez de “acolher”, sem percebermos acabaremos seguindo nosso
próprio evangelho, não o de Jesus Cristo.
Então, se você não concorda com alguma decisão de seu
coordenador/fundador/padre/papa, faça como Maria: guarde tudo em seu coração,
mesmo sem compreender (leia Lucas 2, 43-51). Isso também quer dizer: não faça
fofoca ou alimente o falatório, simplesmente obedeça e permaneça em oração.
Lembremos de Maria dizendo “fazei tudo o que Ele vos disser” (João 2, 5) e
sigamos na certeza de que estamos fazendo um sacrifício agradável à Deus.
Dica #3: A
serenidade
Quem começou a servir já percebeu que tudo acontece para atrapalhar ou
até impedir nosso serviço. Quanto maior a obra que Deus quer realizar, maior a
tribulação. Sabendo disso, diante de uma dificuldade saiba ser sereno,
esforce-se ao máximo para não fazer muito “barulho”. “Mas qual o motivo
disso?”, você poderia se perguntar. Bom, sabem quem adora barulho, né? O
demônio. Teve confusão, ele chega junto. Com Maria é diferente, ela aprecia bem
mais o silêncio.
Quando transformamos algo que poderia ser simples em uma confusão,
reclamamos muito, não facilitamos. Sem querer, impedimos o fluxo da graça de
Deus e damos cartaz ao demônio. Às vezes, passamos por problemas no trabalho,
ficamos um pouco doentes, batemos o carro ou acontecem outras coisas, lícitas
até, que nos levam a murmurar e a chamar atenção sem que haja real necessidade
para isso. Precisamos estar atentos, principalmente nos períodos próximos ao
nosso serviço para não nos deixarmos levar por essas situações.
Então, antes que o que você está passando comece a virar algo maior do
que realmente é, considere se seus comentários passam por três peneiras de
Sócrates: é verdadeiro, é bom, é necessário? Ou seja: o que eu vou falar
resolve alguma coisa? Ajuda alguém? Melhora de alguma forma? Não? Então, melhor
mesmo é deixar pra lá.
Experimente ofertar a Maria sua dor, sua queixa, seu problema. Com
certeza, ela saberá empregar sua oferta em benefício daqueles que mais precisam
e seu consolo virá de Deus, não dos homens.
Dica #4: A espera
em Deus
Todos eles perseveravam unanimemente na oração, juntamente com as
mulheres, entre elas Maria, mãe de Jesus. (Atos dos Apóstolos 1, 14)
Escutamos muito a expressão “esperar no Senhor”, mas o que isso quer
dizer? Quer dizer que é só entregar tudo a Deus e pronto? Não! A espera em Deus
não é morna, preguiçosa, paradona, não significa simplesmente esperar que Deus
faça tudo, pelo contrário: a espera em Deus é ativa, exige de nós um grande
movimento de oração e conversão.
Muitos pensam que uma vida entregue a Deus isenta o sujeito da tomada de
decisão, mas é exatamente o contrário: assumir a vontade de Deus exige de nós
uma decisão. Até para esperar em Deus, precisamos decidir esperar. Desta
decisão, virão ainda muitas outras, como, por exemplo, decidir que esta espera
não irá interferir no meu serviço, na minha caminhada, mas será para mim motivo
de conversão, de mais intimidade com Deus.
Para que nossa espera seja fecunda, precisamos entregar a Deus nossa
situação, permanecermos em oração e, pacientemente, seguirmos em frente. A
oração aguça nossos ouvidos para a voz a Deus e nos deixa atentos para
percebermos Deus falando conosco também no nosso dia a dia. Vale lembrar que
muitas vezes não vamos entender imediatamente o que Deus nos fala, o
discernimento nem sempre é um processo rápido.
As Sagradas Escrituras nos mostram que Maria nem sempre compreendia
tudo. Quando ela e José reencontraram Jesus no templo, Ele falou-lhes algumas
palavras “mas eles não compreenderam o que o menino acabava de lhes dizer” (Lc
2, 50), em seguida lemos “sua mãe conservava no coração todas essas coisas”. É
assim que Maria bem nos ensina a acolher mesmo sem entender, a escutar e
meditarmos sobre aquilo que Deus nos fala, ou seja, nos ensina a esperar em
Deus.
Então, tenhamos paciência, irmãos. Já dizia Santa Teresa de Jesus que
esta virtude tudo alcança. Esperemos na confiança de Deus sempre quer o melhor
para nós, algo que ultrapassa nossa ideia daquilo que seria o melhor. Tenhamos
a certeza de que, esperando em Deus, tudo quanto nos acontecer, mesmo que não
seja o que gostaríamos, será para que ganhemos o maior de todos os bens: a
salvação eterna.
Dica #5: A ousadia
no Espírito
“Como viesse a faltar vinho, a mãe de Jesus disse-lhe: Eles já não têm
vinho. Respondeu-lhe Jesus: Mulher, isso compete a nós? Minha hora ainda não
chegou. Disse, então, sua mãe aos serventes: Fazei o que ele vos disser.” (Jo
5, 3-5)
É preciso estar em profunda sintonia com o Espírito Santo para ousar de
forma tão segura como fez Maria nas Bodas de Caná. Foi ousando no Espírito que
Nossa Senhora adiantou o primeiro milagre público de Jesus.
Em muitos momentos, Deus espera de nós esta ousadia. Atitudes assim
pressupõem a sintonia com o Espírito Santo para percebermos o momento certo de
agir, caso contrário, podemos deixar passar ou mesmo atrapalhar uma graça que
Deus quer realizar.
Quando presenciamos o início de uma discussão, por exemplo, temos a
chance de interferir para acalmar os ânimos ou para colocar mais lenha na
fogueira. Em uma dificuldade qualquer durante um serviço, podemos procurar
culpados ou simplesmente resolver.
Além da sintonia com o Espírito, é muito proveitoso tomarmos para nós
algumas regrinhas que tanto a vivência, quanto o Evangelho e a vida dos santos
nos ensinam. “Serviço é momento de resolver, não de discutir/brigar” pode ser
uma delas.
Deus coloca pequenos (e grandes!) milagres em nossas mãos, mas às vezes
somos um pouco “mão fechada”, né? Falamos constantemente sobre isso, mas, na
prática, precisamos nos esforçar mais para não deixar a graça passar.
A intimidade com o Espírito Santo é fruto de uma vida de oração, e, como
diz Santa Teresa de Jesus, para termos uma vida de oração é preciso muita
oração na vida. Assim, poderemos, sem medo, ousar no Espírito obedecendo a
ordem de Maria: “Fazei o que ele vos disser”.
Dica #6: O
discernimento
Quando estamos servindo, devemos estar mais vigilantes que nunca em
relação a nossa postura. É um momento de constantes e rápidos discernimentos: o
que não devo falar? Como me vestir? Que brincadeiras devo evitar? Talvez você
já tenha ouvido por aí a expressão “sem discernimento”, quando se quer dizer
que alguém fez algo que não convém aos que seguem a Cristo.
Muito mal pode ser feito sem esse filtro que chamamos “discernimento”,
afinal tudo nos é permitido, mas na condição de cristãos, nem tudo nos convém
(1Cor 6,12). Temos que admitir que às vezes estamos “impossíveis”, não é mesmo?
Já passei por experiências em Seminários de Vida no Espírito Santo, em que
percebemos que nossa única solução seria o silêncio, o jejum da língua, pois
nossa equipe estava “demais”, para não dizer outra coisa.
São Tiago diz que “a língua é um fogo, o mundo da maldade”, pois “da
mesma boca sai benção e maldição”, e nos exorta: “Meus irmãos, isso não pode
acontecer!” (Tg 3, 5-10). Então, cessemos com brincadeiras e conversas que
propagam a mentalidade do homem velho e que não combinam com pessoas renovadas
em Cristo.
Mas sobre quais tópicos não devemos falar? Quais posturas não devemos
adotar? O Catecismo e as Sagradas Escrituras nos dão várias pistas, como em
Gálatas 5, 19-21. Se você está na dúvida e precisa de uma resposta mais rápida,
peça orientação a alguém, seu coordenador ou pastor, por exemplo.
Uma dica que funciona bem pra mim é pensar em Nossa Senhora, essa vale
principalmente para os consagrados: Será que isso que estou fazendo agrada à
Santíssima Virgem? Encontraria com Nossa Senhora com essa roupa que estou
vestindo? Falaria isso em Sua presença? Contaria para ela essa piada?
Lembre-se: pela graça de Deus, Maria já está conosco.
Deixemo-nos educar por essa Mãe zelosa que só quer nos aproximar mais de
nosso amado Pai.
Dica #7: A
humildade
Os humildes são os que mais facilmente se submetem à vontade de Deus.
Temos o costume de ver as humilhações como situações de todos ruins, mas a
visão espiritual transforma o nosso olhar, então as dificuldades se apresentam
como grandes oportunidades de sermos santos e demonstrarmos nosso amor a Deus.
Santa Teresa diz que “quem se humilha nunca perde”, pois nos despojando
de nós mesmos ganhamos a Deus, que, então, tem espaço para reinar soberano no
lar dos humildes. Nestes corações, Deus não encontra obstáculos, vaidades,
preconceitos. Tratam-se de almas que repetem continuamente como Maria “faça-se
em mim segundo a Vossa Palavra” (Lc 1, 38).
Deus, pela sua infinita bondade, tem o poder de transformar a humilhação
em salvação, afinal, Jesus mesmo disse que “os humilhados serão exaltados” (Lc
18, 14). Que pela força do Espírito soframos com paciência as permissões
de Deus, pois Ele sabe o que é melhor para nós. Sigamos na certeza de que “TUDO
concorre para o bem dos que amam a Deus” (Rm 8,28), e tudo é tudo mesmo.
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