A palavra "ideologia", tal como é entendida hoje, teve seu conceito elaborado por Karl Marx. De maneira genial (para o mal), ele viu que, se desse a uma ideia ruim uma nova roupagem, ela poderia ser aceita como boa.
A palavra "ideologia" carrega em si mesma um caráter negativo. Ela foi utilizada pela primeira vez por Napoleão Bonaparte, para acusar seus opositores. Posteriormente, ainda de maneira pejorativa, Karl Marx se apropriou da palavra definindo-a como "uma roupagem de ideias", ou seja, um modo de transformar aceitável algo que nunca seria tido como tal normalmente.
Deste modo, o conceito de "ideologia" como se utiliza hoje é marxista. Segundo ele, existem duas estruturas: a super e a infra. A superestrutura, na qual a ideologia está inserida, serve para justificar os interesses de classe. É cultural, enquanto a infraestrutura é econômica.
Existe uma diferença crucial entre "ideologia" e "propaganda". A primeira é compacta e se propaga de maneira viral. Já a segunda, por não apresentar essas características, pode ser posta abaixo. A ideologia, mesmo que não possua mais sua propaganda, continua agindo dentro da sociedade. A propaganda é um erro a respeito de verdades, enquanto a ideologia é um erro a respeito de princípios.
Para se implantar uma ideologia é necessário alguns itens: a) que haja um erro de princípio; b) que haja uma classe de pessoas interessadas no erro; c) um grupo de ativistas, pessoas que estejam dispostas a trabalhar para que esse erro seja disseminado; d) um sistema educacional deteriorado para que a ideologia funcione.
No Brasil, percebe-se que se encontra instalada a ideologia socialista. O sistema educacional está em tão mau estado que poucas pessoas conseguem perceber o erro de princípio que essa ideologia traz, desmascarando-a. Existe um grupo de ativistas espalhados pelos partidos, pelas universidades, repartições públicas, jornais, revistas, televisões, todos interessados em trabalhar, teoricamente, pela classe dos trabalhadores. Contudo, a verdade é que somente a nata do partido, a elite governante é que lucra com essa ideologia.
Para se desmascarar uma ideologia é preciso, antes de tudo, estudar filosofia. Não se pode analisar os fatos com base nas notícias de jornal. É preciso analisar os princípios, localizando e combatendo o erro. De nada vale desmascarar as propagandas ideológicas. É preciso lutar contra a ideologia.
Educação ou ideologias
Há um dilema que poucas pessoas querem resolver hoje em dia: educar ou ideologizar?
A transmissão de conhecimentos, que realmente conduzem, para dentro e para fora das crianças, dos jovens e dos cidadãos, todas suas potencialidades e talentos, é uma educação válida. Pretende-se mesmo nos planos educacionais do Brasil educar o povo para construir uma nação? Há dúvidas a esse respeito em muitas cabeças lúcidas do país. A transmissão de ideias, de opiniões, de linhas de pensamento, que condicionam e manipulam a razão e os sentimentos humanos é, com certeza, uma ideologização. O país precisa de ideologias manipuladoras e impostas para ser um Brasil destacável no cenário internacional? Com certeza, não!
Sabe-se que toda ideologia introduzida nos planos de educação para a infância e a juventude tem, sem sombra de dúvida, a pretensão de “conquistar inteligências”, a fim de utilizar as crianças e os jovens para objetivos de determinados grupos, com instruções duvidosas ou, inclusive, com objetivos bem declarados no nosso meio político cultural.
A ideologia do gênero é uma dessas pretensiosas tentativas de “arrebanhar” pessoas no período de formação intelectual e ética, onde são colocados os principais alicerces das verdades e dos valores fundamentais, para que sobre eles se edifiquem as restantes etapas de desenvolvimento humano e social.
A ideologia do gênero, por exemplo, possui várias ferramentas para manipular a linguagem e para desinformar as pessoas, tanto as pessoas do corpo docente – professores – como as do corpo discente – alunos –; umas dessas ferramentas, e muito utilizada na cultura atual, é a palavra discriminação.
Basta colocar esse termo num cabeçalho de artigo ou no seu conteúdo, para que cabeças se inclinem e joelhos de dobrem “adorando” os argumentos apresentados em seguida a ele.
A discriminação de pessoas homo-afetivas tem seu “altar de adoração”, que é a homofobia; a discriminação de pessoas de etnia afro tem o seu “altar”, que é o racismo; a discriminação da mulher, possui um altar rosado, que é feminismo de terceira geração. Quem não inclinar, reverentemente, a cabeça, e quem não fizer uma genuflexão solene, com os dois joelhos, diante desses altares, é porque não foram “devidamente educados” na vida. Só a “educação ideologizada” permitirá esses gestos de idolatria ao gênero.
Esse deputado, certamente laico, mas em exercício do “seu sacerdócio sagrado” e rendendo tributo à “religião” ensinada pelos ideólogos da cultura do gênero, quer impor, na educação da infância e da juventude brasileira, o culto aos deus da “construção culturalmente livre” do sexo das crianças e dos jovens do nosso país.
Essa ideologização da educação acaba oferecendo aos futuros construtores da civilização brasileira e da cultura do povo mais acolhedor do mundo, a oportunidade de “monopolizarem” os três alicerces fundamentais da sociedade: a sexualidade humana, a família e os valores éticos.
Quem pretende monopolizar e manipular esses três fundamentos da nossa Nação? São os controladores da população, são os ativistas dos direitos arbitrários, são os que só falam a língua do “politicamente correto”, são os desconstrutores da linguagem, enfim, são os “novos sacerdotes” do Estado laicista.
A ideologia do gênero é tão perniciosa, que não atrai nem convence as pessoas bem educadas, e por isso mesmo, só pode ser implantada de forma totalitária.
Trata-se, em definitiva, da ditadura do relativismo, tão de moda numa sociedade e numa cultura, que se auto-intitulam democráticas.
Querem impor no Brasil um novo modelo antropológico (?), que seria a origem de uma nova cosmologia e que transformaria totalmente as pautas éticas da sociedade.
Como acontece com todas as ideologias enganosas, a ideologia do gênero não surgiu no horizonte cultural por geração espontânea. Várias correntes de pensamento contribuíram com diversos elementos e entre eles destacam-se a revolução sexual, a filosofia da desconstrução da cultura judaica-cristã, os existencialistas ateus, o feminismo radicalizado e depreciativo e as políticas anti-vida. Por isso mesmo essa ideologia não deveria ter um espaço tão amplo num plano nacional de educação.
A educação não deve – não pode – ser entregue nas mãos desses “pseudo-mestres” de “verdade geradas” na penumbra das ideias e das opiniões tão alheias à dignidade da inteligência e da liberdade humana.
O Papa Francisco tem, exercido com suas atitudes e ensinamentos, no cenário mundial uma missão pedagógica inquestionável e seu estilo otimista, positivo e aberto, tem sido uma exortação para todas as Nações no sentido de que cada povo seja o criador da sua própria cultura e protagonista da sua história única.
Daí que a educação autêntica de um povo reclama uma imparcialidade ideológica. Educação, sim! Ideologias, não! É um sonho, mas um sonho também realizável no nosso país, se as famílias e as religiões presentes no Brasil defenderem seus filhos e crentes.
Fontes: Padre Paulo Ricardo e Arquidiocese do Rio de Janeiro
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