Como se faz o exame de consciência?
Faz-se o exame de consciência trazendo à memória os pecados cometidos, a partir da última confissão bem feita.
“Qual é a mulher, que tendo dez dracmas, e perdendo uma, não acende a candeia e não varre a casa e não procura diligentemente até que a encontre? E que, depois de a achar, não convoque as amigas e vizinhas, dizendo: Congratulai-vos comigo, porque encontrei a dracma que pinha perdido?” (Lucas 15, 8-10)
A dracma era uma moeda corrente na Judéia. A solicitude da dona de casa, apresentada na parábola do Evangelho a procurar a moeda em todos os ângulos dos quartos e das salas, é um excelente convite à nossa alma. Devemos examinar atentamente nossa consciência antes de nos aproximarmos da santa confissão. Não é possível detestar e confessar um mal sem conhece-lo. Ao passo que, o seu conhecimento, leva-nos à detestação e ao desejo de nos libertarmos dele quanto antes. O exame de consciência é, por conseguinte, a indagação atenta e cuidadosa dos pecados cometidos por pensamentos, palavras, obras e omissões, desde a última confissão bem feita. Quando fores confessar, olha para Jesus Crucificado e pede-lhe que te ajude a conhecer os teus pecados, assim como os conhecerás no Dia do Juízo.
Pensa depois nos Mandamentos de Deus e da Igreja, nos teus deveres de estado e examina, sem precipitações e sem ansiedade, como e quantas vezes os transgrediste e descuraste. Assim preparado, dirigi-te piedosamente ao confessionário. Na parábola “o fariseu e o publicano”, temos uma perfeita ideia da contrição. É mister na oração a sincera humildade, para que tenha valor, para que agrade à Deus. O fariseu perdeu-se em soberba e vanglórias os homens desprezado, e amando a ostentação. O publicano, ao longe, humilha-se, contrito; num excesso de dor essa alma penitente a culpa reconhece e num sincero grito de arrependimento pede misericórdia ao Deus Onipotente, e como pecador, reconhece o pecado. Nada falta, é completa aquela contrição; não ousava chegar-se a Deus, e é perdoado, pois que Deus vem ele em bênçãos de perdão.
Acredito num Salvador que me ama, que perdoa os meus pecados e que me dá a graça de me tornar santo. Jesus Cristo, através do ministério dos Seus sacerdotes, faz ambas as coisas no Sacramento da Penitência.
“Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio... Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, ser-lhe-ão perdoados; e aquém os retiverdes, ser-lhe-ão retidos” (João 20, 21-23)
“Mesmo que os teus pecados sejam como escarlate, ficarão brancos como neve.” (Isaías 1, 18)
“Não vim chamar os justos, mas os pecadores” (Mateus 9, 13)
“Os homens receberam de Deus um poder que não foi dado aos anjos nem aos arcanjos. Nunca foi dito aos espíritos celestes, ‘O que ligardes e desligardes na terra será ligado e desligado no céu’. Os príncipes deste mundo só podem ligar e desligar o corpo. O poder do sacerdote vai mais além; alcança a alma, se exerce não só em batizar, mas ainda mais em perdoar os pecados. Não coremos, pois, ao confessar as nossas faltas. Quem se envergonhar de revelar os seus pecados a um homem, e não os confessar, será envergonhado no Dia do Juízo na presença de todo o Universo.” (S. João Crisóstomo, Tratado sobre os Sacerdotes, Liv. 3)
Os dez mandamentos da Lei de Deus
1. Amar a Deus sobre todas as coisas (2084 a 2141 CIC)*
2. Não tomar seu Santo Nome em vão (2142 a 2167 CIC)
3. Guardar domingos e festas de guarda (2168 a 2196 CIC)
4. Honrar pai e mãe (2197 a 2257 CIC)
5. Não matar (2258 a 2330 CIC)
6. Não pecar contra a castidade (2331 a 2400 CIC)
7. Não furtar (2401 a 2463 CIC)
8. Não levantar falso testemunho (2464 a 2513 CIC)
9. Não desejar a mulher do próximo (2514 a 2533 CIC)
10.Não cobiçar as coisas alheias (2534 a 2557 CIC)
*Os números entre parênteses referem-se aos parágrafos do CIC (Catecismo da Igreja Católica) que aprofundam sobre cada mandamento da Lei de Deus.
Propostas do Papa Francisco para fazer uma boa confissão:
Em relação a Deus
Dirijo-me a Deus somente em caso de necessidade? Participo na Missa dominical e nos dias de preceito? Começo e termino o meu dia com a oração? Invoquei em vão o nome de Deus, de Maria e dos Santos? Envergonho-me de me apresentar como cristão? O que faço para crescer espiritualmente, como e quando o faço? Revolto-me diante dos desígnios de Deus? Pretendo que seja Ele a cumprir a minha vontade?
Em relação ao próximo
Sei perdoar, partilhar, ajudar o próximo? Julgo sem piedade, tanto em pensamento quando com palavras? Caluniei, roubei, desprezei os mais pequenos e indefesos? Sou invejoso, colérico, parcial? Tomo conta dos pobres e dos doentes? Envergonho-me da carne do meu irmão ou da minha irmã?
Sou honesto e justo com todos ou alimento a "cultura do descartável"? Instiguei os outros a fazer o mal? Observo a moral conjugal e familiar que o Evangelho ensina? Como vivo as responsabilidades educativas para com os meus filhos? Honro e respeito os meus pais? Rejeitei a vida após a concepção? Desperdicei o dom da vida? Ajudei a fazê-lo? Respeito o ambiente?
Em relação a mim mesmo
Sou um pouco mundano e pouco crente? Exagero em comer, beber, fumar e divertir-me? Preocupo-me em excesso com a saúde física, com os meus bens? Como uso o meu tempo? Sou preguiçoso? Procuro ser servido? Amo e cultivo a pureza de coração, de pensamentos e de ações? Nutro vinganças, alimento rancores? Sou manso, humilde, construtor de paz?
Condições necessárias para um pecado ser mortal
1. Matéria séria
2. Reflexão suficiente (pleno conhecimento da natureza pecaminosa do ato)
3. Pleno consentimento da vontade
Examina também tua consciência a despeito de:
As sete obras de Misericórdia espirituais
1. Dar bom conselho aos que pecam
2. Ensinar os ignorantes
3. Aconselhar os que duvidam
4. Consolar os tristes
5. Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo
6. Perdoar as injúrias por amor de Deus
7. Rogar a Deus pelos vivos e pelos defuntos
As sete obras de Misericórdia corporais
1. Dar de comer a quem tem fome
2. Dar de beber a quem tem sede
3. Vestir os nus
4. Visitar e resgatar os cativos
5. Dar pousada aos peregrinos
6. Visitar os doentes
7. Enterrar os mortos
Nota:Lembre-se que a nossa Santa Fé Católica nos ensina que assim como o corpo sem o espírito está morto, também a fé sem obras está morta (cf. Tiago 2, 26)
Os cinco mandamentos da Igreja
1. Participar da Missa inteira aos domingos, de outras festas de guarda e abster-se de ocupações de trabalho.
2. Confessar-se ao menos uma vez por ano.
3. Receber o sacramento da Eucaristia ao menos pela Páscoa da ressurreição.
4. Jejuar e abster-se de carne, conforme manda a Santa Mãe Igreja.
5. Ajudar a Igreja em suas necessidades.
Os sete pecados capitais e as virtudes opostas
1. Soberba.....Humildade
2. Avareza.....Liberalidade
3. Luxúria......Castidade
4. Ira..............Paciência
5. Gula..........Temperança
6. Inveja........Benevolência Divina
7. Preguiça....Diligência
Os cinco efeitos (ou filhos) do orgulho
1. Vanglória
a. Arrogância (prepotência)
b. Dissimulação
c. Duplicidade
2. Ambição
3. Desprezo dos outros
4. Ira/ Vingança/ Ressentimento
5. Teimosia/ Obstinação
Maneiras de ser cúmplice do pecado de alguém
1. Alguma vez fiz deliberadamente com que outros pecassem?
2. Alguma vez cooperei nos pecados de outros?
Aconselhando? Mandando? Consentindo? Provocando? Lisonjeando? Ocultando? Compartilhando? Silenciando? Defendendo o mal feito?
Os quatro pecados que bradam aos Céus
1. Homicídio voluntário
2. Sodomia ou lesbianismo
3. Opressão dos pobres
4. Não pagar o salário justo a quem trabalha
O exame dos pecados veniais de Santo Antônio Maria Claret
A alma deve evitar todos os pecados veniais, especialmente os que abrem caminho pecado grave. Ó minha alma, não chega desejar firmemente antes sofrer a morte do que cometer um pecado grave, é necessário ter uma resolução semelhante em relação ao pecado venial. Quem não encontrar em si esta vontade, não pode sentir-se seguro. Não há nada que nos possa dar uma tal certeza de salvação eterna do que uma preocupação constante em evitar o pecado venial, por insignificante que seja, e um zelo definido e geral, que alcance todas as práticas da vida espiritual – zelo na oração e nas relações com Deus; zelo na mortificação e na negação dos apetites; zelo em obedecer e em renunciar à vontade própria; zelo no amor de Deus e do próximo. Para alcançar este zelo e conservá-lo, devemos querer firmemente evitar sempre os pecados veniais, especialmente os seguintes:
1. O pecado de dar entrada no coração de qualquer suspeita não razoável ou de opinião injusta a respeito do próximo.
2. O pecado de iniciar uma conversa sobre os defeitos de outrem, ou de faltar à caridade de qualquer outra maneira, mesmo levemente.
3. O pecado de omitir, por preguiça, as nossas práticas espirituais, ou de as cumprir com negligência voluntária.
4. O pecado de manter um afeto desregrado por alguém.
5. O pecado de ter demasiada estima por si próprio, ou de mostrar satisfação vã por coisas que nos dizem respeito.
6. O pecado de receber os Santos Sacramentos de forma descuidada, com distrações e outras irreverências, e sem preparação séria.
7. Impaciência, ressentimento, recusa em aceitar desapontamentos como vindo da Mão de Deus; porque isto coloca obstáculos no caminho dos decretos e disposições da Divina Providência quanto a nós.
8. O pecado de nos proporcionarmos uma ocasião que possa, mesmo remotamente, manchar uma situação imaculada de santa pureza.
9. O pecado de esconder propositadamente as nossas más inclinações, fraquezas e mortificações de quem devia saber delas, querendo seguir o caminho da virtude de acordo com os caprichos individuais e não segundo a direção da obediência.
Como se confessar
Após ter examinado bem a consciência, diga ao sacerdote que pecados específicos cometeu, e com a maior exatidão possível, quantas vezes os cometeu desde a sua última boa confissão. Só é obrigado a confessar os pecados mortais, visto que pode obter o perdão dos seus pecados veniais através de sacrifícios e atos de caridade. Se estiver em dúvida sobre se um pecado é mortal ou venial, mencione ao confessor a sua dúvida. Recorde-se, também, que a confissão dos pecados veniais ajuda muito a evitar o pecado e a avançar na direção do Céu.
Considerações preliminares para a confissão:
1. Alguma vez deixei de confessar um pecado grave, ou conscientemente disfarcei ou escondi um tal pecado?
Nota: Esconder deliberadamente um pecado mortal invalida a confissão, e é igualmente pecado mortal. Lembre-se que a confissão é privada e sujeita ao Sigilo da Confissão, o que quer dizer que é pecado mortal um sacerdote revelar, a quem quer que seja, a matéria de uma confissão.
2. Alguma vez fui irreverente para com este Sacramento, não examinando a minha consciência com o devido cuidado?
3. Alguma vez deixei de cumprir a penitência que o sacerdote me impôs?
4. Tenho quaisquer hábitos de pecado grave que deva confessar logo no início (por exemplo: impureza, alcoolismo, etc.)?
Oração para uma boa confissão:
Meu Deus, por causa dos meus pecados crucifiquei de novo o Vosso Divino Filho e escarneci Dele. Por isto sou merecedor da Vossa cólera e expus-me ao fogo do inferno. E como fui ingrato para Convosco, meu Pai do Céu, que me criastes do nada, me redimistes pelo preciosíssimo Sangue do Vosso Filho e me santificastes pelos Vossos Santos Sacramentos e pelo Espírito Santo! Mas Vós poupastes-me pela Vossa Misericórdia, para que eu pudesse fazer esta confissão. Recebei-me, pois, como Vosso filho pródigo e dai-me a graça de uma boa confissão, para que possa recomeçar a amar-vos de todo o meu coração e de toda a minha alma, e para que possa, a partir de agora, cumprir os Vossos Mandamentos e sofrer com paciência os castigos temporais que possam cair sobre mim. Espero, pela Vossa bondade e poder, obter a vida eterna no Paraíso. Por Jesus Cristo, Nosso Senhor. Amém
Nota final:
Lembre-se de confessar os seus pecados com arrependimento sobrenatural, tendo uma resolução firme de não tornar a pecar e de evitar situações que levem ao pecado. Peça ao seu confessor que o ajude a superar alguma dificuldade que tenha em fazer uma boa confissão. Cumpra prontamente a sua penitência.
Ato de Contrição
Meu Deus, porque sois infinitamente bom e Vos amo de todo o meu coração, pesa-me de Vos ter ofendido, e com o auxílio da Vossa divina graça, proponho firmemente emendar-me e nunca mais Vos tornar a ofender. Peço e espero o perdão das minhas culpas pela Vossa infinita misericórdia. Amém
Oração para antes da Confissão
Senhor, iluminai-me para me ver a mim próprio tal como Vós me vedes, e dai-me a graça de me arrepender verdadeira e efetivamente dos meus pecados. O Virgem Santíssima, ajudai-me a fazer uma boa confissão.
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