Nesta Quarta-Feira iniciou-se a Quaresma, um tempo que Cristo nos chama inteiramente à conversão. Voltar-nos para Ele é o que nos é proposto, é tempo de recolhimento e de penitência. Somos chamados a explorar novos campos nos nossos corações, somos convidados a abrirmos as portas para encontrar dentro de nós aquilo que precisa ser podado, ser jogado fora e que já não condiz mais com o nosso caminho de cruz. Viver e seguir o caminho do calvário aos nossos modos é caminho de perdição e não de penitência. É necessário descobrir qual caminho temos que seguir e de que forma Cristo deseja que passemos por ele e a Quaresma é um tempo propício para essa descoberta. Para o tempo quaresmal, temos algumas dicas de exercícios espirituais que podem te ajudar a viver uma Santa e inovadora quaresma:
· SILÊNCIO: “Todos os grandes santos, místicos e doutores espirituais observavam e recomendavam o silêncio como um meio seguro para a santidade. Mas por quê? O que há de tão especial na prática do silêncio? No silêncio e no recolhimento progride a alma devota, e aprende os segredos das Escrituras", diz a Imitação de Cristo. "Guarda-te de falar muito", adverte São Doroteu de Gaza, "pois isso faz fugirem os pensamentos devotos e a lembrança de Deus". São Maximiliano Kolbe, por sua vez, declarava: "O silêncio é necessário, absolutamente necessário, na verdade. Onde não há silêncio, falta a graça de Deus. O silêncio também nos ajuda a preservar as graças que Deus nos manda. Assim como os mergulhadores são cuidadosos e diminuem a velocidade de seus movimentos para não desperdiçarem suas preciosas reservas de oxigênio, almas santas falam com cuidado e prudência, a fim de preservarem seu "reservatório" de graça.”
· ABSTINÊNCIAS E JEJUNS: Em todo o tempo de Quaresma, muitas pessoas se abstêm de alimentos para bem viver este tempo, porém precisamos ter um coração totalmente voltado a Cristo, disposto à mudança, penitência e conversão.
“Ao falar sobre a virtude da abstinência, Santo Tomás de Aquino cuida de distingui-la da simples "privação absoluta de alimentos" que, em si, "não designa nem uma virtude, nem um ato virtuoso, mas algo indiferente". Deixar de comer, pura e simplesmente, não significa nada. "Uma questão de alimento não nos aproxima de Deus; se não o comermos, não teremos nada de menos e, se o comermos, não teremos nada a mais" ( 1 Cor 8, 8), confirma o Apóstolo. (...) É claro que o jejum é importante. Mas, hoje – assim como em outros momentos da história do povo de Deus –, são muitas as pessoas que se privam de alimentos, sem praticar de verdade a virtude da abstinência.
Segundo o Cân. 1252 Estão obrigados à lei da abstinência aqueles que tiverem completado catorze anos de idade; estão obrigados à lei do jejum todos os maiores de idade até os sessenta anos começados. Todavia, os pastores de almas e os pais cuidem que sejam formados para o genuíno sentido da penitência também os que não estão obrigados a lei do jejum e da abstinência, em razão da pouca idade.”
Por isso, escolha bem o que fazer nesta Quaresma mas sempre com o coração disposto a saborear as virtudes da abstinência.”
· EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS: Segundo Santo Inácio de Loyola “os Exercícios Espirituais, abrangem qualquer modo EXAMINAR A CONSCIÊNCIA, MEDITAR, CONTEMPLAR, ORAR VOCAL OU MENTALMENTE e outras atividades espirituais. A finalidade dos Exercícios Espirituais pode ser resumida em três grandes metas: 1. Ser uma “escola de oração”, promovendo uma profunda união com Deus; 2. Desenvolver as condições humanas e espirituais para que o exercitante possa tomar uma decisão importante na sua vida; 3. Ser uma ajuda para a pessoa alcançar a liberdade de espírito, através da consciência do significado de sua existência, discernindo o que mais a conduz para a vida em plenitude.”
· VIA SACRA: “O exercício da Via Sacra consiste em que os fiéis percorram mentalmente a caminhada de Jesus a carregar a Cruz desde o pretório de Pilatos até o monte Calvário, meditando simultaneamente a Paixão do Senhor. Tal exercício, muito usual no tempo da Quaresma, teve origem na época das Cruzadas (séculos XI/XIII): os fiéis que então percorriam na Terra Santa os lugares sagrados da Paixão de Cristo, quiseram reproduzir no Ocidente a peregrinação feita ao longo da Via Dolorosa em Jerusalém. O número de estações ou etapas dessa caminhada foi sendo definido paulatinamente, chegando à forma atual, de quatorze estações, no século XVI. O Papa João Paulo II introduziu, em Roma, a mudança de certas cenas desse percurso não relatadas nos Evangelhos por outros quadros narrados pelos Evangelistas. A nova configuração ainda não se tornou geral. O exercício da Via Sacra tem sido muito recomendado pelos Sumos Pontífices, pois ocasiona frutuosa meditação da Paixão do Senhor Jesus.
Por “Via Sacra” entende-se um exercício de piedade segundo o qual os fiéis percorrem mentalmente com Cristo o caminho que levou o Senhor do Pretório de Pilatos até o monte Calvário; compreende quatorze estações ou etapas, cada uma das quais apresenta uma cena da Paixão a ser meditada pelo discípulo de Cristo. Embora semelhante exercício seja assaz na história do Cristianismo, as modalidades que ele hoje em dia são relativamente recentes. Percorramos, portanto, rapidamente o histórico da “Via Sacra” para entendermos o significado dessa prática.”
Fontes: Padre Paulo Ricardo e Cléofas
Comentários