Estivemos assistindo aqui no Estado do Espírito Santo uma escalada sem precedentes de atos de vandalismo, com a depredação generalizada de comércios, do patrimônio coletivo e de propriedades particulares expostas à sanha de “novos bárbaros”. Esse comportamento criminoso e antissocial foi uma demonstração de um império da incivilidade e falta de educação. Foram atos de pura delinquência, que não só destruíram a imagem da cidade, como também colocaram em risco a vida da população e a organização funcional de todo patrimônio público, serviços urbanos, escolares e da saúde dos municípios.
Isto significa, nos dias atuais, uma violência pura e indiscriminada, o que denota uma total carência de sentido da vida, desprovida cada vez mais do seu valor intrínseco. Todas as pessoas que saquearam as lojas comerciais se julgaram, acima do bem e do mal, de qualquer juízo ético. Não são seres de outro planeta, ou de uma sociedade excêntrica diferente, mas pertencem à mesma sociedade que construímos cotidianamente. São pessoas ou grupos, portanto, que expressam ações condenáveis em si mesmas por prejudicarem a todos e serem destituídas de um sentido ético e de direito que deem bases à suas ações.
O que será que pensa uma pessoa que acabou de saquear uma loja? Sentir prazer, contentamento ou qualquer tipo de sentimento de bem-estar é algo impensável para uma pessoa que não compactua com esta atitude, nem tão pouco entender os supostos motivos para tal.
Mas há ainda um ponto a ser combatido. Por que alguém destrói um bem público? Muitos podem dizer por que é um marginal, é uma pessoa sem consciência, sem educação. Aqui pode estar a melhor resposta, FALTA DE EDUCAÇÃO. Mas esta não perpassa somente por uma educação doméstica, usada apenas da porta para dentro de casa, e sim, uma educação do conviver bem com o próximo, o de zelar pela conservação do que é seu e ainda mais pelo o que não é seu, aqui ressaltando o que é de todos. É compreender que nas linhas comerciais existem cidadãos de bem. Desde cedo temos que passar para os nossos filhos que a educação não é apenas aprendida e usada em casa e na escola, mas em todas as horas e situações do nosso dia. E estas ações serão condizentes com o que esperamos para o nosso futuro.
Devemos ser conscientes que a construção material no mundo é produto resultante da ação humana, por isso não adianta apenas usar uma solução de “fim de tubo”, punir depois que o ato foi realizado, é preciso encaminhar todos pela consciência do que é ser um cidadão, o que é viver em uma comunidade onde todos zelam pelo bem-estar comum. Punição por punição não é o melhor caminho, exemplos não faltam em outras áreas, mas trabalhar para que comportamentos antissociais mudem na raiz da questão é o melhor caminho.
Estas e muitas outras situações revelam as contradições sociais e políticas que ainda não tivemos forças para impedir, que podem ser consideradas também violências ou formas de vandalismo contra nossa ética, nossa dignidade e nossa cidadania.
Uma vergonha, uma tristeza e a constatação que os valores éticos da sociedade em que vivemos estão sendo deturpados e destruídos, espero que possamos reavaliar essa situação e lutar para melhorar essa triste situação. Não podemos confundir, liberdade com libertinagem, luto por direitos, com bagunça, depredação, roubo e ameaça a vida das pessoas. Acredito que ainda dependemos, e muito, de uma educação sistematizada para reverter essa situação. Nossas bases devem ser conscientizadas para tentar alterar essa cultura errônea. Nós, cidadãos, donos desses bens violados, devemos ser fiscalizadores e atuantes, sem burlar as próprias autoridades competentes.
Que possamos ancorados em nossa fé e nos valores que nos tornam seres humanos éticos, sermos mais comprometidos com nossa sociedade que se diz civilizada, pois quando se fala que pessoa civilizada é pessoa de valor, é justamente por que esta segue as regras de uma boa conduta aceitas na sociedade onde ela vive. Em outras palavras, a pessoa de valor é vista como uma pessoa educada e de bom caráter.
Seminarista Fernando Acácio de Oliveira
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