Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo Mateus
(Mt 28,16-20)
Antes de subir aos Céus, Jesus reúne os seus discípulos na Galileia e diz-lhes: “Toda a autoridade me foi dada no céu e sobre a terra. Portanto, ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei! Eis que estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo.”
Estas palavras de Nosso Senhor colocam-nos diante do mistério maravilhoso que é o “tempo da Igreja”, período que vai de Sua Ascensão aos céus até a Sua segunda vinda gloriosa. Mesmo tendo subido aos céus, Ele promete: “Estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo”. Diante da difícil situação em que se encontra o mundo e a própria Igreja, somos tentados a perguntar: Onde está Deus? Se a Igreja é divina, por que o Senhor permite que essas coisas aconteçam? É como se a barca da Igreja estivesse naufragando e Jesus parecesse dormir [1]. No entanto, as palavras de Jesus ao final do Evangelho de São Mateus garantem-nos a Sua presença; não uma presença esporádica, mas uma união contínua, “todos os dias”. Por isso, no abismo mais profundo de nossa crise e sofrimento, tenhamos esta certeza: não estamos sozinhos, Jesus está conosco.
“Toda a autoridade me foi dada no céu e sobre a terra”. Como rezamos no Credo, “Jesus Cristo (...) está sentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso”. Isto deve apaziguar o nosso coração. “Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei; estais comigo com bastão e com cajado; eles me dão a segurança!” [2]. Ainda que passemos por crises e sofrimentos, Cristo está conosco “com bastão e com cajado”, isto é, com toda a Sua autoridade. E se Ele permite que nos venham provações e tempestades, é porque Ele quer a santificação dos justos. Ele, que passou pela Cruz, “pelo vale tenebroso”, quer que nós respondamos ao Seu amor, com generosidade e abnegação.
“Ide e fazei discípulos meus todos os povos”, diz Jesus. De que modo? Primeiro, “batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”; e, segundo, “ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei”. Então, antes de qualquer coisa, para sermos verdadeiros discípulos de Jesus, é necessário que cultivemos uma vida sacramental intensa, por meio da Confissão e Comunhão frequentes. Em segundo lugar, o coração de discípulo também deve ser um coração missionário: se deixarmos de pregar o Evangelho, deixaremos de ser cristãos. A Igreja é missionária, não por uma questão de “marketing”, para aumentar o número de fiéis. Ainda que, absurdamente, ninguém se convertesse com a pregação do Evangelho, valeria a pena anunciá-lo do alto dos telhados, porque, com isso, estaríamos amando a Cristo.
Aproximando-se a solenidade de Pentecostes, Jesus pede a Seus discípulos que não deixem Jerusalém. Os apóstolos obedecem e permanecem com Maria para implorar a Deus o grande dom do Espírito Santo. Do mesmo modo, é necessário que nós, aproveitando a novena que a Igreja propõe aos fiéis nesses dias, imploremos com ardor o Espírito Santo, para que nos conceda as graças atuais de que precisamos para amar de verdade ao Senhor. O amor que está dentro de nós pelo estado de graça deve passar da potência ao ato. Isto só é possível com o auxílio divino.
É claro que, com o Batismo, os dons do Espírito Santo estão em nós. Para que sejam ativos, no entanto, é necessária a graça de Deus. Os sete dons do Espírito – desde a sabedoria até o temor de Deus – são como velas de um navio: sem o vento a soprar sobre elas, não produzem nenhum efeito.
Por isso, é importante rezar, ter verdadeiramente uma vida de oração. Que a nossa oração seja humilde – não nos podemos aproximar de Deus como alguém a exigir algo num balcão de bar, todos somos mendigos da Sua graça –, confiante – pois Ele prometeu que nos daria Sua graça, se lhe pedíssemos -, perseverante - Deus demora não porque não nos ama, mas porque quer ver crescer em nós o desejo das coisas santas, que só aumenta com a demora - e atenta. Peçamos ao Espírito Santo que sopre as velas do nosso coração e nos ajude a enfrentar esta tempestade que faz balançar a nave da Igreja. Joelhos no chão, coração confiante e olhos fixos na Virgem Santíssima: ela nos auxilia a rezar.
Referências
Cf. Mt 8, 24
Sl 22, 4
Fonte: Padre Paulo Ricardo
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