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7 chaves do discurso do Papa Francisco na Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque



O Papa Francisco pronunciou ontem, dia 25, um histórico discurso ante a Assembléia Geral das Nações Unidas. Ele foi o quarto Pontífice a dirigir-se a este auditório, logo depois de Paulo VI, João Paulo II (que esteve na sede em duas ocasiões) e Bento XVI.
Durante seu discurso de aproximadamente 50 minutos, cabe destacar estas sete chaves de leitura:
1. A exclusão e a pobreza
O Santo Padre denunciou “uma ambição egoísta e ilimitada de poder e bem-estar material” que “leva tanto a abusar dos meios materiais disponíveis como a excluir os fracos e os menos hábeis”.
“A exclusão econômica e social é uma negação total da fraternidade humana e um atentado gravíssimo aos direitos humanos e ao ambiente”, assegurou.
“A fim de que estes homens e mulheres concretos possam subtrair-se à pobreza extrema, é preciso permitir-lhes que sejam atores dignos do seu próprio destino. O desenvolvimento humano integral e o pleno exercício da dignidade humana não podem ser impostos”, explicou o Santo Padre e destacou que “isto supõe e exige o direito a educação”.
2. Cuidado da criação
O Papa sublinhou que “a casa comum de todos os homens deve edificar-se também sobre a compreensão duma certa sacralidade da natureza criada”.
Nós cristãos, indicou o Pontífice juntamente com as outras religiões monoteístas, acreditamos que o universo provém duma decisão de amor do Criador, que permite ao homem servir-se respeitosamente da criação para o bem dos seus semelhantes e para a glória do Criador, mas sem abusar dela e muito menos sentir-se autorizado a destruí-la. E, para todas as crenças religiosas, o ambiente é um bem fundamental.
3. O rechaço à guerra e ao comércio de armas
O Santo Padre sublinhou em seu discurso que “a guerra é a negação de todos os direitos e uma dramática agressão ao ambiente”.
“Se se quiser um verdadeiro desenvolvimento humano integral para todos, deve-se continuar incansavelmente com a tarefa de evitar a guerra entre as nações e os povos”, assegurou.
O Papa denunciou além disso a “tendência sempre presente para a proliferação das armas, especialmente as de destruição em massa, como o podem ser as armas nucleares. Uma ética e um direito baseados sobre a ameaça da destruição recíproca, advertiu que “constituem um dolo em toda a construção das Nações Unidas, que se tornariam "Nações Unidas pelo medo e a desconfiança".
“É preciso trabalhar por um mundo sem armas nucleares”, demandou.
O Santo Padre pediu ainda concentrar a atenção em todas as situações de conflito, não só nos casos de perseguição religiosa ou cultural, mas em toda a situação de conflito, como na Ucrânia, Síria, Iraque, Líbia, Sudão do Sul e na região dos Grandes Lagos, na África.
4. Os cristãos perseguidos
Francisco reiterou seu apelo sobre a perseguição de cristãos, outras minorias religiosas e inclusive muçulmanos devido a mãos de extremistas islâmicos, no Oriente Médio, o norte da África e outros países africanos.
Nesses lugares, lamentou, “os cristãos, juntamente com outros grupos culturais ou étnicos e também com aquela parte dos membros da religião maioritária que não quer deixar-se envolver pelo ódio e a loucura, foram obrigados a ser testemunhas da destruição dos seus lugares de culto, do seu patrimônio cultural e religioso, das suas casas e haveres, e foram postos perante a alternativa de escapar ou pagar a adesão ao bem e à paz com a sua própria vida ou com a escravidão”.
“Estas realidades devem constituir um sério apelo a um exame de consciência por parte daqueles que têm a responsabilidade pela condução dos assuntos internacionais”.
5. A família
A família, recordou o Papa, “é a célula primária de qualquer desenvolvimento social”. “os governantes devem fazer o máximo possível por que todos possam dispor da base mínima material e espiritual para tornar efetiva a sua dignidade e para formar e manter uma família”, assinalou.
“A nível material, este mínimo absoluto tem três nomes: casa, trabalho e terra. E, a nível espiritual, um nome: liberdade do espírito, que inclui a liberdade religiosa, o direito à educação e os outros direitos civis”, explicou.
Em seguida, o Papa destacou a importância do “direito primário das famílias a educar e o direito das Igrejas e de agregações sociais a apoiar e colaborar com as famílias na educação das suas filhas e dos seus filhos”.
O Santo Padre recordou em outra parte de seu discurso que “a defesa do ambiente e a luta contra a exclusão exigem o reconhecimento de uma lei moral inscrita na própria natureza humana, que inclui a distinção natural entre homem e mulher”.
6. Luta contra o narcotráfico
O Papa advertiu que “muitas das nossas sociedades vivem um tipo diferente de guerra com o fenômeno do narcotráfico”. Esta guerra, lamentou, tem sido “pobremente combatida”.
“O narcotráfico, por sua própria natureza, é acompanhado pelo tráfico de pessoas, lavagem de dinheiro, tráfico de armas, exploração infantil e outras formas de corrupção”, advertiu.
Esta corrupção, assinalou, “penetrou nos diferentes níveis da vida social, política, militar, artística e religiosa, gerando, em muitos casos, uma estrutura paralela que põe em perigo a credibilidade das nossas instituições”.
7. A defensa da vida
O Papa Francisco destacou repetidamente durante seu discurso a importância de defender a vida desde a concepção e em todas as suas etapas e dimensões.
Os “pilares do desenvolvimento humano integral”, disse, “têm um fundamento comum, que é o direito à vida”, e solicitou o “respeito absoluto da vida em todas as suas fases e dimensões”.
“A casa comum de todos os homens deve continuar a erguer-se sobre uma reta compreensão da fraternidade universal e sobre o respeito pela sacralidade de cada vida humana, de cada homem e de cada mulher; dos pobres, dos idosos, das crianças, dos doentes, dos nascituros, dos desempregados, dos abandonados, daqueles que são vistos como descartáveis porque considerados meramente como números desta ou daquela estatística”, destacou.
Fonte: ACI Digital

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