A leitura é uma das formas privilegiadas da formação humana. Apesar da evolução das técnicas mais sofisticadas de uso na comunicação, o livro continua a ter um lugar próprio e insubstituível na formação cultural do espírito humano. Pela leitura, formamos e ajustamos critérios de vida, adquirimos conhecimentos, apuramos e sintonizamos sentimentos, fazemos opções de vida.
Um bom livro nos abre novos horizontes, aponta-nos metas, estimula o desejo de saber, entusiasma as vontades humanas, aquece o coração! Ler é um bom exercício das faculdades humanas superiores: desenvolve o raciocínio, provoca associações de imagens e ideias, alarga perspectivas no campo dos saberes, ajuda a encontrar explicação para as interrogações da vida, contribui para aclarar os segredos da natureza e da vida.
Conforto à fome do espírito
A leitura é uma espécie de alimento humano: não sacia os apetites do estômago, mas dá conforto à fome do espírito. Da sua boa qualidade depende, em grande parte, a orientação da vida dos que a cultivam. Parafraseando um ditado popular usado noutro contexto, poderíamos dizer: “Diz-me o que lês e dir-te-ei o que pensas e fazes”! A nossa inteligência e o nosso coração têm a tendência para se identificar com as mensagens lidas: se forem boas, haverá que esperar bons frutos; se forem menos boas, ou mesmo más, corremos o risco de nos identificarmos com elas, degradando a vida, o pensamento e o apreço pelos verdadeiros valores.
Ler por ler não contribui
A religião é uma proposta de vida que somos convidados a acolher e a abraçar, de modo inteiramente livre. O livro é um ótimo instrumento de apoio ao percurso religioso de cada um. Tal percurso dependerá, em grande parte, da qualidade de leitura religiosa que cultivarmos. Ler por ler, ou só por curiosidade, sem bases sólidas do que desejamos verdadeiramente, pode não contribuir para uma formação firme e robusta. Uma vez feita uma opção religiosa de fé, a leitura religiosa contribuirá, em muito, para o aprofundamento da própria fé e desenvolverá um sentido do religioso, mais puro e autêntico. Nem todos os livros ditos “religiosos” têm o mesmo valor. Importa saber escolher. Será bom, para quem queira progredir no aprofundamento da fé, escolher autores sólidos e esclarecidos, que afinem a própria fé com as suas fontes inspiradoras e as cotejem continuamente com a fé da comunidade em que se integram.
Escolher um bom livro
Num livro religioso há que procurar: solidez de doutrina, análise das realidades da vida de cada tempo e reencontro com as origens básicas da fé, que justificam o argumento do livro. Um bom livro religioso ajudará a conhecer melhor os conteúdos da fé, fornecerá razões à esperança que nos anima, alimentará o espírito humano, dando sentido ao seu viver e orientação para os comportamentos harmonizados com a doutrina, que é objeto da fé professada. Da escolha das leituras religiosas que fizermos, dependerá, em grande medida, o nosso comportamento humano, moral e religioso e a própria felicidade da cada um.
Que tipo de leitura me é permitido ler como católico?
Como católicos, precisamos ler livros que não nos afastem dos princípios cristãos
A palavra de São Paulo é parâmetro para muitas decisões que precisamos tomar: “Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém”. Gosto muito dessa passagem bíblica, porque ela me coloca num lugar onde eu creio que Deus quer que eu esteja: em minha liberdade de escolha. Posso tudo, tudo me é permitido, mas nem tudo me convém. Tudo eu posso ler, mas nem tudo me convém.
O que me convém, então? Convém que minhas escolhas traduzam o que trago de verdade, de anseio e valores. Quando escolho algo, preciso estar atento àquela escolha, pois ela será uma tentativa de definição, de identificação. Aí, deparo-me com várias possibilidades de escolha e entro numa boa questão: como católico, que tipo de leitura me é permitido ler? Tudo, pois o fato de ser católico não tira a minha liberdade dada por Deus. Mas tudo que lemos nos convêm? Aqui, há um critério muito bom para fazer uma escolha: será que aquilo que estamos lendo ou querendo ler diz de nós, daquilo em que acreditamos?
Quantas vezes lemos o que não acreditamos, mas que é necessário para que aprendamos? Estamos errados? Acredito que tudo parte de sua postura e motivação interior. Quantos conteúdos acadêmicos precisamos ler e que bate de frente com nossa fé? Nessa hora, é preciso prudência e atenção. Leia, estude, compreenda e, assim, confronte esse conteúdo com sua fé e deixe que ela o convença da verdade. A Igreja sempre nos dá a resposta acertada. Busque-a!
O que ler?
Entramos, então, em um questionamento: leituras de livros obscenos, livros de espiritualidade que batem de frente com a nossa fé, convêm que sejam lidos?
Antes de responder, é preciso entender: Por que você deseja ler esses livros? Quais têm sido suas motivações? Ao deparar-se com as respostas, você perceberá que não são desejos nobres nem mesmo motivações coerentes; você entrará numa confusão e sairá muito “atrapalhado das ideias”! Purifique os motivos e sua ação será mais acertada com aquilo que, de fato, seu coração merece!
O que o católico pode ou não pode ler?
Não gosto de dar respostas acabadas a perguntas assim, pois para mim essa pergunta traz um mundo de motivos, e estes precisam ser conhecidos, pois mostram o caminho que desejo trilhar. Se não entendermos nossas motivações interiores, não daremos passos acertados! Lembre-se: “ Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém”.
Fonte: Canção Nova
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