Chiara Corbella Petrillo, uma alegre, cheia
de vida e radiante jovem da “geração João Paulo II”, nasceu na Itália no ano de
1984. Cresceu em um ambiente católico, em que se vivia a fé no cotidiano, na
oração, especialmente na oração do santo Terço em família, assim alimentava seu
amor e sua amizade com Jesus. Viveu uma infância e juventude felizes ao lado de
seus pais e de sua irmã. Amava viajar, gostava de tocar violino, amava a
natureza e os animais. Amava a vida.
Em viagem a Medjugorje, em 2 de agosto de 2002, Chiara
conhece o jovem Enrico Petrillo. Ela estava com 18 anos e nunca havia namorado.
Mas, ao ver aquele rapaz, sente em seu coração algo diferente, algo que nunca
tinha sentido antes. Chiara e Enrico tiveram um namoro difícil, com idas e
vindas, com rupturas dolorosas. Com a oração e a ajuda de padre Vito, diretor
espiritual de Chiara, ela compreende que precisa deixar de lado o medo de ser
ela mesma, de se revelar verdadeiramente a Enrico. Entende também que precisa
dar espaço para Deus ser Deus na vida dela, na vida dos dois, com a certeza de
que Deus tem sempre o melhor para nós. Então, fosse o Enrico ou não o homem da
vida dela, era necessário abandonar-se em Deus e confiar nos planos Dele. E
assim ela faz.
Enrico, por outro lado, percebe que ele também precisa de
uma vida de oração e do auxílio de um diretor espiritual. Quando, então, toma
essa decisão, compreende que o medo de amar e de se entregar de verdade e por
inteiro a Chiara era empecilho ao desenrolar do namoro dos dois. A partir daí,
firmados no Senhor, reatam o namoro. E num dia de peregrinação para Assis, na
Marcha Franciscana – um itinerário espiritual até a igreja de Santa Maria dos
Anjos, para a festa do perdão -, num dia 2 de agosto, Enrico pede Chiara em
casamento.
Os desafios e as dificuldades do tempo de namoro de
Enrico e Chiara foram uma preparação para o que iriam viver depois. Os jovens
esposos, já início do casamento, enfrentam uma dura prova. Chiara descobre que
está grávida, mas a criança sofre de malformação incompatível com a vida. Na
segunda gestação, novamente o casal espera um bebê com outra malformação também
incompatível com a vida. Nos dois casos, o jovem casal leva as gestações até o
fim, tem a graça de batizarem os filhos e minutos depois os entregarem a Deus
com uma serenidade e uma confiança sem igual. Como eles diziam, Deus estava a
falar algo com essas duas gravidezes. É importante perceber como eles
escolheram colocar Deus no centro de suas vidas e também como eram sensíveis e
atentos ao que Deus lhes pedia, lhes falava em cada momento. Nas duas
situações, Chiara relata depois a alegria de saber-se mãe, mesmo que tivesse
tido seus bebês nos braços por poucos minutos, mas tinha provado da alegria e
do dom de ser mãe. Era uma mãe com os filhos no Céu. E recordava aqueles dias
como uns dos mais felizes de sua vida. E dizia que se tivesse abortado seus
filhos teria como lembranças a dor e o pesar. Ela escolheu pela vida e pelo
amor, apesar dos sacrifícios. Afinal, amor de verdade e sacrifício estão sempre juntos. Não
há amor sem sacrifício, assim como não há rosas sem espinhos.
Na terceira gestação, Chiara espera um bebê saudável, mas
é diagnosticada com um câncer. Ela, então, decide adiar o tratamento para
preservar a saúde da criança. Quando o bebê nasceu, ela iniciou o tratamento
com serenidade e confiança em Deus. Mas a doença já tinha avançado bastante.
Nesse tempo, são tocantes os relatos de como Chiara passou pela enfermidade, pelo tratamento, pelos longos dias de intensa dor, tudo isso com uma profunda confiança e abandono em Deus, sem reclamações ou lamentos, mas, sim, com um olhar fixo em Jesus. É interessante ver que no seu período de tratamento no hospital, ela consolava e levava alegria e paz aos outros doentes, era um raio brilhante de luz e esperança na vida deles. No livro Nascemos e jamais morreremos, a história de Chiara Corbella Petrillo (que já está na segunda edição), lemos um forte e tocante diálogo entre Chiara e Enrico, seu esposo. Nos seus últimos momentos de vida, Chiara está em frente ao sacrário, fitando a Jesus de forma apaixonada. Diante dessa cena, Enrico, pensando na frase de Jesus que diz: “O meu jugo é suave e meu peso é leve”, faz uma pergunta a sua esposa. “Chiara, mas é realmente suave esse jugo, essa cruz, como diz Jesus? E Chiara, sorrindo, com um fio de voz, desviando seu olhar do sacrário para o marido, responde-lhe: Sim, Enrico, é muito suave”.
Nesse terrível momento de dor, Chiara, ainda tão jovem,
com esposo e um bebê, com uma grave doença e já desenganada pelos médicos,
demonstrava uma fé, confiança e entrega a Deus desconcertantes. E o Senhor a
amparava com amor e consolações. Jesus lá estava a ajudá-la a carregar a cruz.
Ela tinha aprendido que a cruz deve ser pacientemente carregada mesmo nos
momentos em que isso parece algo impossível. Sabia que com Deus e em Deus
tudo é possível. Sabia-se amada por um Deus que é Pai e que jamais abandona.
Foi muito consolada por Deus.
O testemunho de vida da Chiara tem tocado e edificado os
corações tamanha a força, a autenticidade, a fé, a confiança e o abandono a
Deus sem reservas dessa jovem mulher. É impossível se deparar com os relatos,
os escritos, os livros sobre a vida dela e não se comover, não se impactar, não
se perguntar de onde vinha e de onde ela tirava toda sua força, como fez para
ter tamanha fé e confiança em Deus? Como fez para se abandonar sem reservas aos
planos de Deus? Chiara revela-nos uma força tal que venceu a morte e segue
gerando vida, dando frutos. É impossível se manter indiferente diante do
testemunho da vida dela. Uma vida que nos questiona e que nos leva a repensar
nossa fé e nossa confiança em Deus, por vezes tão confortáveis, desafia-nos,
faz-nos rever nossa caminhada e não nos acomodar, mas, sim, dar saltos na fé. Ela, como dizia
sua irmã, foi extraordinária nas coisas normais, nas ordinárias, no dia a dia. Soube
a cada momento dar seu sim a Deus, mesmo sem entender. A lição que ela deixa é
dos pequenos passos possíveis diários na fé. Deus pedia a eles, dizia Chiara,
apenas pequenos passos possíveis. E assim eles seguiam. Vivia com a certeza de
que Deus não nos pede para fazer uma coisa sem que Ele mesmo nos conceda a
graça necessária. E, assim, nas dificuldades sempre rezavam: “Senhor, não
entendo, mas aceito”.
Chiara nasceu para o Céu no dia 13 de junho de 2012, aos
28 anos. Já existe no
Vaticano um processo para sua beatificação. Hoje ela já é
chamada de Serva de Deus na Igreja. Em breve, e com a graça de Deus, será
beatificada e canonizada. Percorreu esta vida num caminho de santidade. É um
exemplo de que se pode viver e buscar a santidade nos dias de hoje. É uma serva
de Deus de nossos dias, de nossos tempos.
Ela viveu a santidade no cotidiano de sua vida, nas
coisas mais simples, dando diariamente seus pequenos passos possíveis na fé.
Soube entregar os seus projetos nas mãos de Deus e foi precisamente nisto que
foi extraordinária. A vida da Chiara é um belo testemunho cheio de amor,
confiança e verdadeiro abandono em Deus. Foi inteira em tudo que viveu,
irradiou alegria, entregou-se por completo e amou sem reservas. Junto a Jesus,
carregou sua cruz. Amou até o fim. É, sem dúvida, luz e sal para este mundo.
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