O Papa
Francisco iniciou em 2014 as catequeses sobre os sete dons infusos do Espírito
Santo, que a Igreja sempre ensinou com base em Isaías 11, 2. O Catecismo da
Igreja Católica diz que: “Os sete dons do Espírito Santo são: sabedoria,
inteligência, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus. Em
plenitude, pertencem a Cristo, Filho de Davi. Completam e levam à perfeição as
virtudes daqueles que os recebem” (n.1831). Tornam os fiéis dóceis para
obedecerem prontamente às inspirações divinas. São Paulo lembra que “Todos os
que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus […]. Filhos e,
portanto herdeiros; herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo” (Rm 8,14.17)
Desde o nosso batismo, o Espírito Santo habita em
nossa alma e produz aí os seus frutos e dons para nos conduzir ao amor de Deus
e ao serviço dos irmãos. Eles nos ajudam a vencer o pecado e viver de acordo
com as leis morais. Eles são indispensáveis à santificação do cristão mesmo na
vida cotidiana, e não apenas para as grandes obras.
Dom da
Ciência
O dom da ciência faz que o cristão penetre na
realidade deste mundo sob a luz de Deus; vê cada criatura como reflexo da
sabedoria do Criador e como caminho a Deus. Leva o homem a compreender o
vestígio de Deus que há em cada ser criado. O homem foi feito para Deus e só
n'Ele pode descansar, como disse Santo Agostinho. Por este dom o cristão
reconhece o sentido do sofrimento e das humilhações no plano de Deus, que
liberta e purifica o homem.
Dom do
Entendimento
O dom do entendimento
ou inteligência nos ajuda
a penetrar no íntimo das verdades reveladas por Deus e entendê-las. Por ele o
cristão contempla os mistérios da fé. É um entendimento diferente daquele que o
teólogo obtém pelo estudo; o que é penoso e lento. O dom da inteligência é
eficaz mesmo sem estudo; é dado aos pequeninos e ignorantes, desde que tenham
grande amor a Deus.
Um irmão
leigo franciscano disse certa vez a São Boaventura († 1274), o Doutor Seráfico:
“Felizes vós, homens doutos, que podeis amar a Deus muito mais do que nós, os
ignorantes!” Respondeu-lhe Boaventura: “Não é a doutrina alcançada nos livros
que mede o amor; uma pobre velha ignorante pode amar a Deus mais do que um
grande teólogo se estiver unida a Deus.” Por esse dom conhecemos os nossos
pecados e a nossa miséria. Os santos, quanto mais se aproximaram de Deus, mais
tiveram consciência do seu pecado ou da sua distância de Deus.
Dom da
Sabedoria
O dom da sabedoria nos dá um conhecimento da
verdade revelada por Deus. Abrange todos os conhecimentos do cristão e os põe
sob a luz de Deus, mostra a grandeza do plano do Criador e a sua onipotência.
Vem da intimidade com o Senhor. “O dom da sabedoria faz-nos ver com os olhos do
Bem-amado”, dizia um grande místico. Isto não quer dizer que devemos
menosprezar o estudo, pois, se Deus nos deu a inteligência, foi para que a
apliquemos à verdade, que é Ele mesmo. Os teólogos afirmam que veremos a Deus
face a face por toda a eternidade na proporção do amor com que O tivermos amado
nesta vida.
Dom do
Conselho
O dom do conselho permite ao cristão tomar as
decisões oportunas nas horas difíceis da vida, para que se comporte como verdadeiro
filho de Deus. Isso, às vezes, exige coragem. Pelo dom do conselho o Espírito
Santo nos inspira a maneira correta de agir no momento oportuno. “Todas as
coisas têm o seu tempo, e tudo o que existe debaixo dos céus tem a sua hora
[…]” (Ecl 3, 1-8); fora desse momento preciso, o que é oportuno pode tornar-se
inoportuno; nem sempre é fácil discernir se é oportuno falar ou calar, ficar ou
partir, dizer "sim" ou dizer "não".
Dom
da Piedade
O dom da piedade nos orienta em todas as
relações que temos com Deus e com o próximo. São Paulo se refere a isso:
“Recebestes o Espírito de adoção filial, pelo qual bradamos: Abbá ó Pai” (Rm
8,15). O Espírito Santo, mediante o dom da piedade, nos faz, como filhos
adotivos de Deus, reconhecer Deus como Pai. E, pelo fato de reconhecermos Deus
como Pai, consideramos as criaturas com olhar novo. Este dom nos leva a
considerar o fato de que Deus é sumamente santo e sábio: “Nós vos damos graças
por vossa grande glória”. É o dom da piedade que leva os santos a desejar,
acima de tudo, a honra e a glória de Deus. “Para que em tudo seja Deus
glorificado”, diz São Bento. E Santo Inácio de Loiola exclama: “Para a maior glória
de Deus”. É também o dom da piedade que desperta no cristão a inabalável
confiança em Deus Pai, como, por exemplo, Santa Teresinha. Este dom leva o
cristão a ver o outro como irmão e a amá-lo como filho de Deus.
Dom da Fortaleza
O dom da fortaleza nos dá força para a
fidelidade à vida cristã, cheia de dificuldades. Jesus disse que “o Reino dos
céus sofre violência dos que querem entrar, e violentos se apoderam dele” (Mt
11,12). Pelo dom da Fortaleza o Espírito Santo nos dá a coragem necessária para
a luta diária contra nós mesmos, nossas paixões e problemas, com paciência,
perseverança, coragem e silencio. Nos dá forças além das naturais. Esta força
divina transforma os obstáculos em meios e nos dá a paz mesmo nas horas mais
difíceis. Foi o que levou São Francisco de Assis a dizer: “Irmão Leão, a
perfeita alegria consiste em padecer por Cristo, que tanto quis padecer por
nós”.
Dom do temor de Deus
O dom do temor de
Deus nos
leva a amá-Lo tão profundamente que tenhamos receio de ofendê-Lo. Nada tem a
ver com o temor do mercenário ou o temor do castigo (do escravo); mas é o temor
do amor do filho. É a rejeição que o cristão experimenta diante da
possibilidade de ofender a Deus; brota das entranhas do amor. Não há verdadeiro
amor sem este tipo de temor. Medo de ofender o Amado. Pelo dom do temor de Deus
a vitória é rápida e perfeita, pois é o Espírito que move o cristão a dizer
"não" à tentação. O dom do temor de Deus está ligado à virtude da
humildade, que nos faz conhecer nossa miséria, impede a presunção e a vã
glória, e assim, nos torna conscientes de que podemos ofender a Deus; daí surge
o santo temor de Deus. Ele se liga também à virtude da temperança; combate a
concupiscência e os impulsos desordenados do coração, para não ofender e magoar
a Deus.
Fonte: Canção Nova
Rezemos:
Senhor, enviai Vosso Espírito
e tudo será criado
e renovareis a Face da Terra!
Senhor, que perscrutais todos os corações
e conheceis todos os problemas,
Espírito de Luz e de Amor,
derramai sobre mim,
eu vos suplico,
a plenitude de vossos Dons.
Dai-me o Espírito de Sabedoria,
que me faz ver as coisas,
não de acordo com o julgamento deste mundo,
mas de acordo com o Vosso.
Ó Senhor, que eu possa repetir como Salomão:
“Desde a minha infância eu amei a Sabedoria
e a escolhi para minha companheira na vida.
Eu a preferi acima de tudo
o que é mais esplêndido no mundo,
e pensei que as riquezas
nada eram comparadas
com o preço de tamanha jóia.
Todas as coisas boas vieram
por intermédio dela,
e em todas as minhas dores e sofrimentos,
ela sempre foi o meu consolo
e a minha alegria". (Prov. 8).
Dai-me também o Espírito de Inteligência,
que me ilumina
no conhecimento das Escrituras
e das grandes Verdades Eternas.
A Fé e a Humildade são as virtudes
que atraem o Espírito de Inteligência
para a alma.
A Fé que nos submete
para melhor compreendermos;
a Humildade prontamente
nos faz reconhecer nossa ignorância.
Dai-me o Espírito de Conselho,
que ilumina o caminho para os Céus
e evita que me perca como um viajante tolo
que pega um caminho desconhecido sem um guia.
Dai-me o Espírito de Ciência,
que me ensina
que a ciência da Salvação é a única necessária,
a única sem a qual
nenhuma ciência humana se pode realizar.
Dai-me o Espírito de Força,
que não me deixa tão fraco após o mínimo esforço,
tão débil quando tenho que obedecer
ao invés de fazer o que desejo,
ou trabalhar quando não tenho
o menor desejo de fazê-lo,
que me dá força para conquistar a mim
mesmo quando a Lei de Deus assim me ordena!
Dai-me o Espírito de Piedade,
que dá ao meu coração
uma atração filial para com o Pai
e que me faz servi-LO com alegria e tranquilidade!
Dai-me o Espírito de Temor,
temor filial que,
combinado com o respeito e o amor,
me faz evitar cuidadosamente
tudo aquilo que possa desagradar a Deus, nosso Pai!
Ó Dons Preciosos,
cuja excelência aprendi a conhecer,
vede como minha alma
clama por Vós com confiança
e se Vos abre com Amor.
Santos Apóstolos,
que no Dia de Pentecostes
recebestes os Dons do Espírito Santo,
concedei-nos,
com algumas das mesmas graças,
uma fidelidade similar à que era vossa,
de modo que,
acreditando naquilo que recebestes e transmitistes,
praticando os vossos trabalhos,
vivendo e morrendo com a Igreja
que vós fundastes,
possamos compartilhar convosco,
ó Santos Apóstolos,
a regozijadora recompensa dos Céus!
Que assim seja!
Comentários