Muitos ficam angustiados, porque
Jesus esconde a Sua glória na Eucaristia, mas Ele precisa fazer isso para que o
brilho de Sua majestade, como o rosto brilhante de Moisés, não ofusque a nossa
vista, impedindo-nos de chegar a Ele.
Ele esconde também as Suas virtudes,
porque, se a víssemos, ficaríamos humilhados e, quem sabe, desesperados por
jamais poder atingir tal perfeição. Tudo para podermos nos achegar a Ele sem
medo.
Jesus desce até o nada, na hóstia consagrada, para que desçamos com Ele e
sintamos profundamente o que Ele disse: “Vinde a mim. Aprendei de mim que sou
manso e humilde de coração”.
Por isso, podemos chegar a Jesus com
toda confiança, porque Ele já retirou todos os obstáculos para chegarmos a Ele;
e espera que não sejamos nós a colocar esses empecilhos com os nossos medos e
escrúpulos.
Jesus nos ama tão radicalmente, na
Eucaristia, que se submete a nós em tudo. Ele desce do Céu tão logo o sacerdote
pronuncia as palavras da consagração. Ele obedeceu silencioso aos Seus
carrascos e está pronto novamente para receber o beijo dos novos Judas por amor
a nós.
Na Eucaristia, perpetua-se a Paixão
do Senhor. Ali, Ele a vê renovada diariamente. Muitas vezes, Ele é traído pela
apostasia, crucificado pelo vício, flagelado pelas ingratidões e pecados; e,
muitas vezes, Jesus renova o Seu Calvário nos corações que O recebem em pecado
mortal ou com indiferença.
Escondido no sacrário, Ele continua a
dar combate ao velho orgulho com as armas da humildade. O sacrário é a nossa
escola. Dali, Jesus nos diz: “Aprendei a esconder as suas boas obras, as suas
virtudes e sofrimentos como eu”. O Rei da Glória se rebaixa ao mais baixo grau
da humildade para deixar-nos o Seu exemplo.
Este estado humilde e escondido de
Jesus anima a nossa fraqueza, dá-nos coragem de falar-Lhe sem receio e
contemplá-Lo. Se nem mesmo conseguimos olhar para o sol do meio-dia, quanto
mais poderíamos contemplar a Glória do Rei do Universo! “Deus é um fogo
consumidor”, disse Moisés. Não é possível contemplar Sua glória e continuar
vivo. A nossa natureza humana não está preparada para vê-la. Os apóstolos não
puderam suportar o brilho de apenas um raio de Sua glória na transfiguração do
Monte Tabor. E tem mais, não foi o Tabor que converteu o mundo, foi o Calvário.
O amor se manifesta e opera não pela glória, mas na bondade e humildade.
O véu eucarístico foi colocado também
para fortalecer a nossa fé. Crer no Senhor, ali presente, é um ato do espírito
desprendido dos sentidos.
O
escondimento de Jesus sob o véu eucarístico é um bom incentivo para penetrarmos
na Verdade
escondida e descobrir os tesouros ali escondidos. Assim, neste exercício
espiritual, dilatam-se os desejos de nossa alma, os quais vão descobrindo, sem
se cansar, uma beleza sempre antiga e sempre nova. E Jesus vai se manifestando
gradualmente à nossa alma, na medida da nossa fé e do amor para com Ele.
Fonte: Canção nova - Prof. Felipe Aquino
Comentários