O desejo de poder, a deslealdade e o dinheiro impedem de servir ao Senhor. Foi o que o Papa Francisco disse em sua homilia na Missa dessa terça-feira (08) que celebrada na Casa Santa Marta, quando mencionou 3 obstáculos que impedem o cristão de ser servidor.
O Desejo de poder
“Quantas vezes vimos, até em nossas casas: ‘aqui sou eu que comando!’. E quantas vezes, sem dizê-lo, fizemos ouvir aos outros ‘que aqui eu comando’, não? A sede de poder... E Jesus nos ensinou que aquele que comanda se torna como aquele que serve. Ou se alguém quiser ser o primeiro, seja servidor de todos”.
O Papa recordou que “Jesus reverte os valores da mundanidade, do mundo”. “E este desejo de poder não é o caminho para se tornar um servo do Senhor, ao contrário: é um destes obstáculos que rezamos ao Senhor para que afaste de nós”.
O dinheiro e a deslealdade
O segundo “obstáculo” se verifica “também na vida da Igreja” e é “a deslealdade”. E isto acontece “quando alguém quer servir o Senhor enquanto serve outras coisas que não são o Senhor”.
“O Senhor nos disse que nenhum servo pode ter dois patrões. Ou serve a Deus ou serve ao dinheiro. Foi Jesus que o disse. E este é um obstáculo: a deslealdade; que não é o mesmo de ser pecador. Todos somos pecadores e nos arrependemos disso, mas ser desleais é fazer jogo duplo, não? Jogar à direita e à esquerda, jogar com Deus e jogar com o mundo, não? Isto é um obstáculo. Aquele que tem sede de poder e aquele que é desleal dificilmente podem servir ou serem servos livres do Senhor”.
Tanto o desejo de poder quanto a deslealdade “tiram a paz e te causam um tremor no coração que não deixa em paz, mas sempre ansioso”. E isto, reitera, “nos leva a viver naquela tensão da vaidade mundana... viver para aparecer”, acrescentou.
Em seguida, o Papa denunciou que muita gente “vive somente para ser vitrine, para aparecer, para que digam: ‘Ah, como ele é bom...’, tudo pela fama. Fama mundana”. E a sua advertência é que assim “não se pode servir ao Senhor”.
“Peçamos ao Senhor para que remova os obstáculos a fim de que com serenidade, do corpo e do espírito”, possamos “dedicar-nos livremente ao seu serviço”.
“O serviço de Deus é livre: nós somos filhos, não escravos. E servir Deus em paz, com serenidade, quando Ele mesmo tirou de nós os obstáculos que tiram a paz e serenidade, é servi-Lo com a liberdade. E quando servimos o Senhor com liberdade, sentimos a paz ainda mais profunda, não é verdade? Da voz do Senhor: ‘Oh, vem, vem, vem, servo bom e fiel’. E todos nós queremos servir ao Senhor com bondade e fidelidade, mas precisamos de sua graça: sozinhos não podemos”.
Francisco assinalou que devemos repetir que “somos servos inúteis”. “Somente devemos pedir e dar espaço para que Ele faça em nós e Ele nos transforme em servos livres, em filhos, não em escravos”.
“Que o Senhor nos ajude a abrir o coração e deixar trabalhar o Espírito Santo, para que remova de nós esses obstáculos, especialmente o desejo de poder que faz tanto mal, e a deslealdade, a dupla face de querer servir a Deus e ao mundo”.
“E assim – concluiu – nos dê essa serenidade, essa paz para poder servi-Lo como filho livre, que no final, com muito amor, lhe diz: 'Pai, obrigado, mas o Senhor sabe: eu sou um servo inútil”.
Evangelho comentado pelo Papa:
“E qual de vós terá um servo a lavrar ou a apascentar gado, a quem, voltando ele do campo, diga: Chega-te, e assenta-te à mesa?
E não lhe diga antes: Prepara-me a ceia, e cinge-te, e serve-me até que tenha comido e bebido, e depois comerás e beberás tu?
Porventura dá graças ao tal servo, porque fez o que lhe foi mandado? Creio que não.
Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer”.
Fonte: ACI Digital
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