No último domingo ouvimos Jesus falando aos seus discípulos: "Tomai cuidado, vigiai." Essa temática da espera e da vigília perpassa o tempo da expectativa do cumprimento da grande promessa de Deus que haveria de enviar seu Filho para reconciliar a humanidade com Ele próprio. É o que celebramos no Natal. O mistério da encarnação do Filho de Deus no seio da humanidade. O advento também é a expectativa da segunda vinda de Cristo. Celebramos não só o que aconteceu mas o que está para acontecer.
Iniciamos esse tempo da expectativa e preparação para a celebração com estas palavras "cuidado" e "vigiai". Elas, porém não podem nos causar medo, mas são dirigidas a nós justamente para não cairmos na tentação das distrações que hoje são muitas. Essas palavras de Jesus tem um significado muito grande para nós. Hoje, com qualquer vacilo acabamos nos distraindo e perdemos o rumo, o horizonte. Deus não quer isso. Essas palavras não nos devem causar medo mas nos gerar ainda mais confiança em Deus pois só a partir da confiança seremos capazes de caminhar firmes e perseverantes. Se não houver uma relação de confiança podemos correr também o sério risco de enterramos o nosso talento pois é uma fé movida pelo medo e quem tem medo não arrisca. Precisamos fortalecer ainda mais nosso vínculo de confiança em Deus. O mundo necessita desta atitude e ousadia cristãs.
As palavras que ouvimos no Evangelho do primeiro domingo do advento são importantes e precisam nos acompanhar durante todo nosso tempo de espera e expectativa. É necessário que estejamos atentos à Palavra de Deus, aos sinais dos tempos, à simbologia que permeia nossas liturgias pois tem sentido pedagógico e mistagógico. A coroa do advento é o grande símbolo deste tempo. Nesta primeira semana vemos que apenas uma vela está acesa o que indica uma luz, porém uma luz pequena. A medida que vão se passando os dias e as semanas esta luz vai crescendo até entrar no tempo em que toda a coroa revela a imensidão da luz que habita entre nós. Esta simbologia tem significado em nossa vida, pois a medida que a luz da coroa vai crescendo, o mesmo processo deve acontecer dentro de cada um de nós.
Que nossa luz interior também cresça e possamos, neste tempo, nos libertar da força das trevas. Somos convidados neste tempo a acender a nossa luz interior. De nada valerá enfeitar as casas, avenidas, praças. Se a luz interior estiver apagada será apenas uma maquiagem. Façamos o esforço primeiro de acender a luz. Uma vez acesa, porém fraca, permitamos aumentá-la com a celebração luminosa de cada passo da liturgia do advento. Dessa forma celebraremos com muito mais alegria e autenticidade o Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo.
É a festa das luzes. Com nosso interior em crescente iluminação, deixemos irradiar a luz, iluminemos nossas casas, nossos ambientes. Peçamos a Deus que nos ajude no processo de libertação de nossas trevas para a luz. Precisamos sempre nos comprometer cada vez mais com seu projeto de justiça e paz para o mundo. Que esta palavra possa encontrar acolhida em nossos corações.
Homilia por Pe. Gildésio, camiliano, Diocese Cach. Itapemirim
02/12/14 em Betesda
Comentários