Uma cena chocante marcou a celebração do início da Semana Santa na Grande São Pedro, em Vitória, na manhã deste domingo (13). Um homem foi assassinado a tiros no meio da Rodovia Serafim Derenzi, na altura do bairro Conquista, a poucos metros de onde acontecia uma procissão em comemoração ao Domingo de Ramos. O crime aconteceu por volta das 7h30.
O corpo do pedreiro Sérgio Rodrigues dos Santos, 25 anos, ficou caído a cerca de 100 metros da Paróquia de São Pedro, onde iria ser celebrada uma missa em celebração ao ritual católico. Em sinal de protesto pela violência que caracteriza a região, o pároco, padre Kelder Brandão, decidiu celebrar a missa de Ramos ao redor do corpo.
“Estamos falando sobre vida, morte e ressurreição, não poderia ficar indiferente a uma cena dessas”, ressaltou o padre. De acordo com familiares de Sérgio, ele teria sido morto por causa de uma confusão dentro de um bar. A polícia acredita que a vítima foi baleada na porta do estabelecimento.
O pedreiro ainda correu por 21 metros, mas acabou caindo bem em frente a uma igreja evangélica, que estava fechada na hora do crime. Um rastro de sangue ficou pela rodovia. Sérgio foi atingido com dois tiros: um no queixo e outro nas costas. Investigadores da Divisão de Homicídios estiveram no local e conversaram com a família do pedreiro.
A vítima já tem passagem pela polícia por roubo, mas de acordo com o pai dela, o filho estava trabalhando e não tinha envolvimento com drogas. A mãe do pedreiro também apareceu no local depois que o corpo do filho havia sido recolhido e, gritando, pediu que a polícia fechasse o bar, onde o filho dela teria brigado.
Encontro
Fiéis que seguiam em procissão pela Serafim Derenzi se depararam com o corpo de Sérgio, estirado no chão, minutos após o assassinato. Chocado com o que havia acabado de acontecer, padre Kélder resolveu então celebrar a missa de Ramos, ali mesmo, na cena do crime.
Um altar improvisado foi montado em frente ao corpo do pedreiro, coberto por um lençol. Cerca de 70 pessoas, entre fiéis e curiosos, formaram um círculo em volta de Sérgio. Enquanto alguns tocavam violão, outros cantavam músicas de adoração.
Tudo transcorreu como uma missa normal, com a homília do padre sobre o significado da Páscoa, e depois com o momento da comunhão, da oferta da hóstia aos fiéis. A esposa da vítima esteve no local e se desesperou ao ver o marido morto. A cena sensibilizou quem estava ali.
“É triste ver isso e saber que as pessoas não têm respeito algum com a vida do próximo. Estamos diante de um ser humano que não teve chance de defesa. Ver a família sofrer assim marca a gente”, desabafou uma cuidadora de idosos, 35 anos.
O caso será investigado pela Delegacia de Crimes Contra a Vida (DCCV) de Vitória.
Protesto
Para o padre Kelder Brandão, o assassinato de mais um jovem é um alerta de que o Estado e a sociedade precisam agir, e, com rapidez. Nesta entrevista ele explica ainda porque decidiu rezar a missa em frente ao corpo caído na rodovia.
Qual era o percurso da procissão?
Saímos da praça da escola Neusa Nunes, em Nova Palestina. O destino era a nossa paróquia, no bairro Conquista. No caminho encontramos um jovem assassinado, caído na rodovia, morto de forma brutal. Ao lado do corpo a esposa chorando a perda do companheiro. As pessoas ficaram perplexas diante de tanta violência.
Por que decidiu transferir a celebração para o local do crime?
Não poderíamos ficar indiferentes a uma situação que me inquieta e revolta como ser humano, irmão e padre. Diante de nós estava um jovem brutalmente assassinado. A vida é o dom maior que nós temos, ninguém tem o direito de tirá-la senão Deus, que a concedeu.
A sua comunidade fica em uma região violenta?
Não é a primeira vez que me deparo com uma situação semelhante. Estou na comunidade há quatro anos e já enfrentei uma cena terrível após um tiroteio, onde havia pessoas mortas e baleadas. Situações que só mostram que algo precisa ser feito urgentemente.
O que pode ser feito?
O Estado está sendo omisso. Jovens estão morrendo todos os dias reféns das drogas e do tráfico. É preciso fazer um resgate dessas pessoas e investir em políticas públicas eficazes. A população já está praticando justiça com as próprias mãos, o que é um caminho perigoso. Mas entendo também que não podemos deixar só nas mãos do Estado. A segurança sim, mas a conscientização pode ser feita por nós. A igreja tem seu papel nisso.
De que forma?
Escrevi uma carta de indignação, que será enviada ao Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic) e à toda a sociedade e a quem se interessar. É um chamamento que tem o objetivo de clamar ao poder público que ele cumpra com o seu papel.
Fonte: Gazeta Online
“Estamos falando sobre vida, morte e ressurreição, não poderia ficar indiferente a uma cena dessas”, ressaltou o padre. De acordo com familiares de Sérgio, ele teria sido morto por causa de uma confusão dentro de um bar. A polícia acredita que a vítima foi baleada na porta do estabelecimento.
O pedreiro ainda correu por 21 metros, mas acabou caindo bem em frente a uma igreja evangélica, que estava fechada na hora do crime. Um rastro de sangue ficou pela rodovia. Sérgio foi atingido com dois tiros: um no queixo e outro nas costas. Investigadores da Divisão de Homicídios estiveram no local e conversaram com a família do pedreiro.
A vítima já tem passagem pela polícia por roubo, mas de acordo com o pai dela, o filho estava trabalhando e não tinha envolvimento com drogas. A mãe do pedreiro também apareceu no local depois que o corpo do filho havia sido recolhido e, gritando, pediu que a polícia fechasse o bar, onde o filho dela teria brigado.
Encontro
Fiéis que seguiam em procissão pela Serafim Derenzi se depararam com o corpo de Sérgio, estirado no chão, minutos após o assassinato. Chocado com o que havia acabado de acontecer, padre Kélder resolveu então celebrar a missa de Ramos, ali mesmo, na cena do crime.
Um altar improvisado foi montado em frente ao corpo do pedreiro, coberto por um lençol. Cerca de 70 pessoas, entre fiéis e curiosos, formaram um círculo em volta de Sérgio. Enquanto alguns tocavam violão, outros cantavam músicas de adoração.
Tudo transcorreu como uma missa normal, com a homília do padre sobre o significado da Páscoa, e depois com o momento da comunhão, da oferta da hóstia aos fiéis. A esposa da vítima esteve no local e se desesperou ao ver o marido morto. A cena sensibilizou quem estava ali.
“É triste ver isso e saber que as pessoas não têm respeito algum com a vida do próximo. Estamos diante de um ser humano que não teve chance de defesa. Ver a família sofrer assim marca a gente”, desabafou uma cuidadora de idosos, 35 anos.
O caso será investigado pela Delegacia de Crimes Contra a Vida (DCCV) de Vitória.
Para o padre Kelder Brandão, o assassinato de mais um jovem é um alerta de que o Estado e a sociedade precisam agir, e, com rapidez. Nesta entrevista ele explica ainda porque decidiu rezar a missa em frente ao corpo caído na rodovia.
Qual era o percurso da procissão?
Saímos da praça da escola Neusa Nunes, em Nova Palestina. O destino era a nossa paróquia, no bairro Conquista. No caminho encontramos um jovem assassinado, caído na rodovia, morto de forma brutal. Ao lado do corpo a esposa chorando a perda do companheiro. As pessoas ficaram perplexas diante de tanta violência.
Por que decidiu transferir a celebração para o local do crime?
Não poderíamos ficar indiferentes a uma situação que me inquieta e revolta como ser humano, irmão e padre. Diante de nós estava um jovem brutalmente assassinado. A vida é o dom maior que nós temos, ninguém tem o direito de tirá-la senão Deus, que a concedeu.
A sua comunidade fica em uma região violenta?
Não é a primeira vez que me deparo com uma situação semelhante. Estou na comunidade há quatro anos e já enfrentei uma cena terrível após um tiroteio, onde havia pessoas mortas e baleadas. Situações que só mostram que algo precisa ser feito urgentemente.
O que pode ser feito?
O Estado está sendo omisso. Jovens estão morrendo todos os dias reféns das drogas e do tráfico. É preciso fazer um resgate dessas pessoas e investir em políticas públicas eficazes. A população já está praticando justiça com as próprias mãos, o que é um caminho perigoso. Mas entendo também que não podemos deixar só nas mãos do Estado. A segurança sim, mas a conscientização pode ser feita por nós. A igreja tem seu papel nisso.
De que forma?
Escrevi uma carta de indignação, que será enviada ao Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic) e à toda a sociedade e a quem se interessar. É um chamamento que tem o objetivo de clamar ao poder público que ele cumpra com o seu papel.
Fonte: Gazeta Online
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